foto de: A&M ART and Photos
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os medos teus absortos molhados olhos
os sofrimentos dele embrulhados em
pedaços de papel cansados pelo peso das palavras
um livro húmido sobre a cama da paixão
liberto e amorosamente flutuante nas
clandestinas janelas do desejo
o mar suspenso na tua mão de pétala
cidade com telhados de vidro
o cubo onde te escondes
e dormes
transformado em insónia
os medos das nuvens encarnadas
como das flores pedestres nos abraços
dela
e mesmo assim... escondo-me em ti
fujo das rochas xistosas que vivem nos
teus cabelos
desço socalcos até acariciar os
lábios do rio
deito-me na garganta invisível dos
túneis onde os corpos deles escrevem quando lá fora chove
há lâmpadas indesejadas nas ruas da
cidade
como homens e mulheres
também eles e elas
indesejados e indesejadas
por outros homens
por outras mulheres...
os medos teus... molhados olhos
e deitas a cabeça no ombro que dizem
pertencer-me
e deitas as pálpebras cinzentas
como gotas de água...
na minha boca de luar
pelos molhados olhos... teus
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 14 de Setembro de 2013
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