sexta-feira, 13 de setembro de 2013

as palavras que sussurras em mim da madrugada marginal

foto de: A&M ART and Photos

a ditadura do teu olhar
arrependido nos cortinados das palavras embriagadas
uma corrente de medo enrola-se ao teu peito de incenso
e à janela
acorda a noite vigiada pela tempestade dos teus lábios

sou um pequeno barco enferrujado
vagueando entre pontes e carris desmantelados
sinto em mim a tua língua à poesia mendiga
que vou escrevendo no teu vagaroso corpo
como as teias de aranha do púbis que engole a manhã

sou o pulso dos gritos uivos que desabitam a tua mão com sabor a paixão
e entra em nós o silêncio desejo
o caranguejo que se esconde na velhíssima carapaça de aço
voando sobre a cidade em ruínas...
e sei que tu recordas as palmeiras do largo em lágrimas dos paralelepípedos como sandálias escorregadias

ou montículos de areia
deitados junto às rochas em desassossegos cansaços de sémen
esperamos a maré desajeitada
sobre uns míseros lençóis de cartão
escorregadias... as palavras que sussurras em mim da madrugada marginal


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 13 de Setembro de 2013

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