foto de: A&M ART and Photos
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não sabes que o tempo mata
e a saudade vem
como a chuva depois da tempestade
como o vento velozmente nos teus
lábios,
não
não sabes que
mata
o tempo
a saudade
a insónia
não sabes que da noite vêm as tuas
mãos acariciar a minha face em migalhas de xisto
triste
vadia
perdidamente só como as árvores
quando dormíamos na floresta dos sonhos
depois de fazermos amor
tínhamos a miudinha chuva onde nos
embrulhávamos como lençóis de água salgada,
galgando muros
terrenos indomáveis
silêncios
amores
e barcos
fundeados na paixão fumegante dos
cigarros invisíveis,
(não sabes que o tempo mata
e a saudade vem
como a chuva depois da tempestade
como o vento velozmente nos teus
lábios)
Deitas-te sobre a areia vermelha
desenhas-me no chão húmido em finos
traços de carvão
há em ti uma tela esbranquiçada
doente
falida
amada,
amas sei que amas
e sofres
porque sofres
porque és o mar
desenhas-me e deitas-te sobre a areia
vermelha
iludes-te
e desiludes-me
como uma criança sem perceber que o
Pôr-do-Sol é de chocolate...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
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