foto de: A&M ART and Photos
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Três dias após beijar os teus lábios de
andorinha, cessei os braços nas tuas mãos de porcelana... e morri,
recordo-me de ter cerrado os olhos, o verde em mim transformou-se em
cinzenta neblina sobre o cansaço dos veleiros estacionados junto ao
Tejo, amar-te-ei, pergunto-me? Quem és tu, se todas as flores vivem
e morrem... quando o vento se alicerça nos minguados dias de
tristeza, alimentas-te de orgias fumegantes e de gemidos lareira
desvairada, líamos em conjunto os livros não lidos, virgens, e
vivíamos como se tivéssemos acabado de nascer,
És uma chata quando me perguntas...
Amas-me?
Não o sei, porque esqueci-me o significado do amor,
porque me esqueci o significado das palavras... porque me esqueci que
ainda vivo, pouco, mas vivo miseravelmente como um pássaro que
percebe que no próximo cruzamento uma munição será disparada em
sua defesa...
Levante-se o réu
Levantei-te e gritei o desejo por ti, das tuas
tristes flores, dos teus alegres lábios... e gritei das tuas
sulfurosas lágrimas de enxofre..., e dizem-me que sou um miserável,
um triste, um quase vagabundo percorrendo veredas e caminhos
encruzilhados entre migalhas de centeio e palhaços de pedra, um rio
renasce nos teus olhos
Não fiques riste minha amada indefesa e sonâmbula
das tarde de Domingo, Amas-me? Sabendo eu que não sei o significado
de amor, dos sonhos apenas trago em mim as pobres imagens vagabundas
com purpuras sílabas semeadas no meu peito, saber-me-ás um dia
converter em arbusto de Belém?
Um rio renasce nos teus olhos, de mim parece-me
infinito o adormecer e a insónia, lembro-me das tuas imagens
decalcadas em pequenos muros de betão que dividem a velha cidade da
nova cidade, e são tão lindos os teus olhos de luar que percebo o
significado da tua tristeza, sinto-o rosnar junto ao meu pobre
tornozelo, porque tudo em mim é pobre, e percebo, que ele, o meu
canino... sem dúvida... o meu melhor amigo, viver como as flores?
Lembras-te de mim, ainda?
E vivo, como se hoje fosse o meu último dia a
pensar em ti...
(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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