quarta-feira, 5 de junho de 2013

Pétalas de pergaminho púbis

foto: A&M ART and Photos

Comíamos as tristes noites de insónia
e acompanhávamos-nos como serpentes de dor
enroladas em nuvens de cor
e papel celofane suspenso dos lábios moliceiros em desejados sonos nocturnos
que a mão teu corpo envergonhado deixava cair sobre os geométricos alicerces clandestinos da luz,

Traços uniformes
seixos de mágoa que transparentes imagens de sons desconformes
voavam entre a madrugada
e a pele simétrica que cobre o sufoco jardim das clarabóias de cetim
às primeiras horas dos minguados sopros beijos,

Tínhamos na fome
o prazer de olharmos as árvores em descansos imaginários
como marés invisíveis
quando o vento as levava...
e a faca penumbra circunferência dos teus seios poéticos e melódicos ficavam esquecidos no interior de um livro de poemas,

(sinto-os endoidecer nas minhas mãos)
como a saliva e o folhear de páginas sem palavras
folhas tristes e brancas
como as janelas sem cortinados
como os olhos sem pálpebras,

Com o céu despido nu nas estrelas tuas mãos
fictícias manhãs desenhadas numa ardósia que um recreio escondeu
como as flácidas enguias que o prazer transformava em delírios moribundos
e de um pinheiro envelhecido
desciam margaridas flores com pétalas de pergaminho púbis...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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