foto: A&M ART and Photos
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Comíamos as tristes noites de insónia
e acompanhávamos-nos como serpentes de
dor
enroladas em nuvens de cor
e papel celofane suspenso dos lábios
moliceiros em desejados sonos nocturnos
que a mão teu corpo envergonhado
deixava cair sobre os geométricos alicerces clandestinos da luz,
Traços uniformes
seixos de mágoa que transparentes
imagens de sons desconformes
voavam entre a madrugada
e a pele simétrica que cobre o sufoco
jardim das clarabóias de cetim
às primeiras horas dos minguados
sopros beijos,
Tínhamos na fome
o prazer de olharmos as árvores em
descansos imaginários
como marés invisíveis
quando o vento as levava...
e a faca penumbra circunferência dos
teus seios poéticos e melódicos ficavam esquecidos no interior de
um livro de poemas,
(sinto-os endoidecer nas minhas mãos)
como a saliva e o folhear de páginas
sem palavras
folhas tristes e brancas
como as janelas sem cortinados
como os olhos sem pálpebras,
Com o céu despido nu nas estrelas tuas
mãos
fictícias manhãs desenhadas numa
ardósia que um recreio escondeu
como as flácidas enguias que o prazer
transformava em delírios moribundos
e de um pinheiro envelhecido
desciam margaridas flores com pétalas
de pergaminho púbis...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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