foto: A&M ART and Photos
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Um círculo de espuma
no centro sombrio de uma tela
mergulhada em insónia
junto à fronteira que separa a noite
do dia
o mar rasurado misturando-se em
lágrimas e pequenos silêncios de papel...
e de um sofá submerso em sonhos
pincelados de sal... ouve-se o gato “Orlando” em gemidos de sono,
Ele inventa a madrugada sobre os
telhados de Lisboa
e pinta nas manhãs de neblina a
paisagem invisível do rio envergonhado
atravessado por uma ponte rabugenta
enferrujada pelo vento das nortadas
entre despedidas e desejadas barcaças
derramando a solicitude em palavras
abstractas e insignificantes,
O desejo em tua felina pele voando
sobre as árvores do Tejo
confunde-te com gaivotas e pernaltas em
pétalas de açúcar
barcos apaixonados
e astronautas
e no final do dia dizes-me que no
Sábado vais ficar ausente de mim,
Habituei-me às tuas garras sobre o meu
peito em papel-cartão
marinheiro tu saboreando sorvetes de
chocolate como broches na lapela do mendigo artista
dormindo sobre a calçada e desenhando
nos teus tornozelos as equações trigonométricas da paixão
e procurando ângulos no negro quadro
separando a parte real da parte imaginária
os números complexos em ti descendo o
corpo do círculo de espuma,
Estás nua
geada de sémen em migalhas de areia
correndo esquinas e travessas em
madeira
pilares e vigas
e sorriso algum emerge dos teus lábios
de cidade adormecida... vadia e prostituta.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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