foto: A&M ART and Photos
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Trazias-me os solstícios dentro da
boca em lábios de cereja
tão doce e bela
a cereja envenenada pelo silêncio de
ti procurando pedaços de mar
em marés enroladas livremente no teu
pulso acorrentado ao meu indesejado
coração de fina areia em pálpebras
de cristal,
Sei que te transformas em luz
e te perdes nas imagens nocturnas das
fotografias sem versos
quando te envio versos ao domicílio
esquecendo-em que vives em mim
não me pertencendo... porque voas como
os pássaros e és de papel,
Apenas sinto o teu corpo na distância
de um milímetro linear
ao fundo da calçada
o rio
e a destreza das tuas lâminas faciais
com pergaminhos bolor
e uma flor passeia-se na palma da tua
mão,
Beija-me como te imploro dos desenhos
nas paredes invisíveis que dividem
os dias e os beijos infinitos
à janela de ti as coisas orgânicas
transformadas em húmus beleza
que sobeja da tua pele derramada canção
em pétala madrugada
poisava-te a mão se tu existisses em
mim como eu existo de ti,
Trazias-me os... em lábios de cereja
sentavas-te no meu colo e pacientemente
afagava-te o loiro cabelo em pincéis
de veludo
corrigindo rugas imaginárias da tua
inexistente bronzeada caligrafia
sobre o teu seio socalco em círculos
dentro do Tejo teu púbis...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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