foto: A&M ART and Photos
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Debaixo do meu cadáver de carvão
anoitecem horários proibidos como
sonâmbulos esqueletos de desejo
não propriamente desejando o que quer
que seja... imaginando imagens supérfluas
e desconhecidas nas paragens do
autocarro da carreira
não percebem eles que o vento quando
regressa
é porque se desencontrou com as
árvores e nuvens e noites inculcadas
como pernas e braços sobre a cama
camuflada do silêncio pergaminho
que as gaivotas transportam para as
cidades de vidro,
Debaixo de mim... a viagem até te
encontrar de cócoras procurando o mar
e as rochas de murmúrios que a areia
sabe esconder
desenho no teu corpo de silício as
marés de Agosto
embrulhadas nas poucas lágrimas que as
aranhas fazem disparar contra o muro da tristeza
porque sim digo-o sem perceber sabendo
que lá fora existem mãos de cordas ao nylon
depois da tempestade aportar sobre o
cais do desassossego
e um pequeno barco lança-se dos teus
lábios
em pequenos suicídios adormecidos...
Ele morre
e tu desejas-me quando cai a noite
sobre os tentáculos da dor
cresce em nós mais um dia em desespero
um dia pequeno que depois se alonga
noite fora
eles
eles esquecem-se de apagar as luzes da
melancolia
e enquanto haver sol e estrelas e lua
é impossível amar-te como os socalcos
do Douro amam as sombras de seios em delírio,
Sentindo-se as poucas cinzentas árvores
debaixo do meu cadáver de carvão que
o oceano vai consumindo
como um toxicodependente absorve as
veias infelizes dos lírios
e dos cravos
e das grandes pérolas com sabor a
morfina
que alimentam sonhos e ressacas das
belas palavras
mergulhadas na poesia
sempre sem o saberes dos jardins
insignificantes com bancos em madeira apodrecida...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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