terça-feira, 7 de maio de 2013

Vou e não vou e talvez um dia

foto: A&M ART and Photos

Não estarei cá sem que eu perceba a latitude do amor
e a longitude da paixão...
começo a recear a altitude do desejo
contra as montanhas com flores de sorriso encarnado
quando perfumes de gotículas de poemas rompem a madrugada
e
e alicerçam-se nos tentáculos das melodias como palavras embainhadas por mim
e em ti
de ti
os outros sonhos das coisas quadradas fingindo-se de círculos apaixonados pelo silêncio
e de mim
sempre a embriaguez dos olhos na penumbra dos cortinados de vento,

Vou agora partir
sem sentir as outras navegantes liberdades ao amor dos peixes
dentro do meu aquário de aço
e tubos de refrigeração até encontrar os corações que escondem o mar
vou sem sentir do meu aquário
imaginando pratos de porcelana pintados com papel de incenso,

Vou e não vou e talvez um dia...
regressar para os braços das árvores com pássaros pernaltas
cabeças cansadas de viver no mundo dos luares
oh... nocturnas mãos de sexos internacionais como os livros em edição de autor
empilhados sobre a mesa dos guindastes enferrujados...

Fumo-te engasgando-me nas persianas de plástico
quando das ruas emergem as sentinelas de pano
usam lenços amarelos no fino pescoço doirado
que o ourives das coxas loiras
deixou escorregar no jardim das clarabóias.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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