Me encantam as luas noites
que desenhávamos na areia húmida do
segredo nocturno
me encantam os sonhos circulares com
olhos de vidro
que tínhamos sobre a mesa-de-cabeceira
me encantam as tuas doces mãos
tórridas
que ancoravas no meu pescoço
trémulo
frio
longe do sol
me encantam as labaredas dos teus
lábios
incinerais como as algas que procuravas
no mar da ausência
me encantam as sílabas encarnadas dos
teus seios minúsculos,
Me encantam as lagoas azuis do teu
púbis metamorfoseado pelas tempestades de xisto
como as cinco palavras secretas do
abismo
me encantam as flores que se suspendem
nos ambíguos olhos da solidão
amorfos
embebidos nos transeuntes de pano que
habitam a cidade
me encantam as sebentas que a floresta
esconde nas algibeiras da madrugada
sem saber que o frio engorda as asas
dos pessegueiros
e o calor emagrece os ramos dos
pássaros
me encantam as laranjas que transformas
em sumo
néctar de oiro com pulseiras de
plátano adormecido
me encantam as tuas tristes lágrimas
de sabão
quando descem dos telhados de vidro as
salmonelas embalsamadas.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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