A casa louca às quatro
paredes invisíveis
que o deserto africano
constrói
sobre o cansaço adormecer
de uma árvore voadora
e a triste saudade que uma
simples folha de papel tece
na boca inocente do morcego
há noites que comem as
outras noites incompletas pela imensidão arte do esconderijo
sôfrego
sofrido mendigo do prazer
amigo
há ainda noites
separadas
amantes
dramatizadas
viúvas
casadas
doentes
sofridas marés de solidão
que os barcos do desejo
rompem
esmagam
nas planícies faces
xistosas da pele de uma abelha
à procura desenfreadamente
pelo regresso das vozes de granito
não sei
eu
a casa de ramos e esterco
empilhados sobre as camas do abismo
janelas sem guardião
portas de entrada sós
uma mulher com asas
não sei
eu
na fogueira mãe abraços
em brasas de sémen do tecto
do palheiro
as teias de aranha cinzentas
empobrecidas pelo fumo do cachimbo de prata
lata
que a noite comida pela
noite anterior
deixou ficar
abandonada
sobre a mesa de quatro patas
o amigo o cão amigo de
areia
à espera do mar que
incendeia
que semeia os penhascos
incensos do amor proibido
a lata inseminada pela
cerveja fumegante dos espíritos às insónias molduras
quatro simples fotografias
eu
ele
ela
e a manhã em que me despedi
de Luanda...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó
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