quinta-feira, 29 de novembro de 2012

8 milímetros de tédio entre quatro paredes de vidro


A cena passa-se dentro de um carro
uma avenida despida
duas miúdas giras
e um charro
o charro come o carro
e sem roupa
a avenida
finge orgasmos no rosto das miúdas giras
eu estou sentado
na pastelaria
à janela
à deriva
espero espero e espero
e ela não vem
e ela sentada invisível na minha mesa
choram choram choram as luzes cansadas do silêncio meu destino
as duas miúdas giras
e um charro
dentro de um carro
à deriva na avenida
sem roupa
despida
que puta a minha vida
sem carro
sem miúdas giras
que fingem orgasmos no rosto do charro
que puta
a minha
que puta de vida esta de estar sentado na pastelaria
abandonado
nos cornos da avenida...
nua
tua
perdidamente despida
a avenida Sá Carneiro.

(poema não revisto)

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