sexta-feira, 14 de setembro de 2012

As montanhas do mendigo viver

Há uma pedra cansada
em cada mão do moribundo amanhecer
há pedaços de aço inoxidável
prontos a derreter

há um ramo de rosas sem amor saudável

há uma manhã em delírio
e dos teus olhos margaridas e um misero gladíolo
perdido nos ponteiros do teu relógio de pulso

há arroz avulso
e cigarros feitos por medida
há caixões em promoção
e há a minha noite
uma noite estupidamente entupida
dentro das árvores do azar
e nos lábios do desprazer
a lua comida pela neblina
há o mar
o mar misturado com o ouro roubado nas ruelas da cidade
o ouro infestado de saudade
que engole o coração

o meu coração
há um coração no meu peito sem dono sem palavras das bocas
loucas
todas as montanhas do mendigo viver.

(poema não revisto)

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