quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Lamentos


Escrevo o teu nome na lápide nocturna do desejo.

Desenho nos teus lábios o silêncio do mar.

E confesso.

Nada vejo.

E confesso.

Só me apetece amar.

Sei que habitas algures nos meus livros, cansados como eu, velhos como o Sol.

Navego num oceano de palavras,

Algumas, gosto delas,

Outras…

Odeio-as.

Como odeio o vento de madrugada,

Ou a chuva ao final da tarde.

(devia ir tomar banho para jantar, e estou aqui a escrever merdas, lamentos…)

Escrevo o teu nome no silêncio do amanhecer,

Entre beijos e abraços,

Entre barcos e caravelas,

Todas,

Elas,

Invisíveis.

Escrevo-te.

Escrevo-te sem saber se vais ler o que escrevo.

Mas o importante é escrever.

Escrever.

Escrever.

Sem o banho consigo viver.

Mas não sei viver sem escrever.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

09/10/2019

sábado, 5 de outubro de 2019

Livro salgado


Se eu pudesse, dava-te o Sol.

Se eu pudesse, eliminava de ti todas as tristezas…

Se eu pudesse, dava-te a lua e o luar.

Se eu pudesse, oferecia-te o mar…

Embalsamado.

Escrito por palavras.

Num livro salgado.

Ai se eu pudesse, meu amor!

 

Ai se eu pudesse!

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

05/10/2019

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

A ausência


Ontem, nas palavras ouvia o teu silêncio.

Hoje, no silêncio da noite, oiço as tuas palavras.

Ontem, passeavas comigo junto ao mar.

Hoje, estás sentada na pedra da saudade.

 

Este poema é imperfeito,

Falta-lhe a alegria das palavras,

Ditas,

Não ditas.

 

Escritas.

 

Ontem, desenhavas um sorriso na minha mão.

Hoje,

Hoje, com a minha mão, desenho um sorriso no teu retracto…

 

E beijo-o,

Como se ele fosse o nascer do sol,

O luar,

Ou a noite em construção.

 

Ontem, estavas cá…

Hoje, tenho a certeza de que estás cá…

Algures,

Junto a mim.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

25/09/2019