segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Pão imaginário



São horas de terminar
este cansaço
desesperado,
são horas de caminhar
sobre esta calçada
triste
e magoada,
e quando este dia terminar
são horas de cessar
esta vida embainhada
que só a solidão sabe comemorar…
são horas
meu amor
de terminar estas palavras desejadas
velhas
tão velhas como a madrugada,
são horas de terminar
este cansaço
desesperado,
das planícies devolutas
o pincel poisa na tela da saudade,
e são horas,
meu amor…
são horas de trabalhar
a montanha da noite,
são horas de fabricar o pão imaginário
dos telhados de vidro…
são horas,
são horas… são horas meu amor
de erguer
bem alto
este poema assassinado pelo tempo.


Francisco Luís Fontinha
23/01/17

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Regresso sem regressar



Um dia vou regressar
À terra da saudade,
Vou levar,
Na mão,
Um pergaminho de verdade,
Um dia vou regressar
Aos versos da tua canção…
Aos barcos em papel,
E aos papagaios em flor,
Um dia, meu amor,
Um dia vou regressar
À terra queimada
E húmida da madrugada,
Um dia vou regressar
Às marés de encantar
E às palmeiras de amar…
Um dia, meu amor,
Um dia vou regressar
Para nunca mais voltar.


Francisco Luís Fontinha
12/01/17

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A palavra que mente



Tanto faz,
A alegria de morrer
Ou a tristeza de viver,
Tanto faz,
A alegria de escrever
Ou a tristeza de ler…
… o que escrevi sem o querer,
Tanto faz,
Hoje, este corpo de sofrer,
Ausente
Das lápides que a mão não sente…
As palavras do ser,
À palavra que mente.


Francisco Luís Fontinha
11/01/17