segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Pão imaginário



São horas de terminar
este cansaço
desesperado,
são horas de caminhar
sobre esta calçada
triste
e magoada,
e quando este dia terminar
são horas de cessar
esta vida embainhada
que só a solidão sabe comemorar…
são horas
meu amor
de terminar estas palavras desejadas
velhas
tão velhas como a madrugada,
são horas de terminar
este cansaço
desesperado,
das planícies devolutas
o pincel poisa na tela da saudade,
e são horas,
meu amor…
são horas de trabalhar
a montanha da noite,
são horas de fabricar o pão imaginário
dos telhados de vidro…
são horas,
são horas… são horas meu amor
de erguer
bem alto
este poema assassinado pelo tempo.


Francisco Luís Fontinha
23/01/17

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