quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A palavra que mente



Tanto faz,
A alegria de morrer
Ou a tristeza de viver,
Tanto faz,
A alegria de escrever
Ou a tristeza de ler…
… o que escrevi sem o querer,
Tanto faz,
Hoje, este corpo de sofrer,
Ausente
Das lápides que a mão não sente…
As palavras do ser,
À palavra que mente.


Francisco Luís Fontinha
11/01/17

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Desalinhadamente só


O sentido proibido da vida

no sonâmbulo silêncio da agonia

a cidade evapora-se na solidão nocturna do sofrimento

como uma lamparina acesa

esquecida junto ao mar

o corpo levita

o corpo exerce o seu esplendor no sexo lunar da Via Láctea

e eu sinto o regresso da dor

misturada com as amêndoas

e todas as rochas da madrugada

habito neste cubículo ensanguentado de ferrugem

que abraça os meus ossos pergaminhos

os famintos dias

nas famintas tristezas

pergunto onde está neste momento a alegria

o sorriso que iluminava o meu viver

sem saber

sem perceber…

os candeeiros do desejo

acredito nos horários primos e primas das constelações incendiadas pelo orgasmo…

e nada é mais complexo do que a vida

em sentido proibido

como a minha.

 

Desalinhadamente só.

 

 

Francisco Luís Fontinha

02/01/17

sábado, 31 de dezembro de 2016

A infidelidade do desejo


Regressei aos teus braços monótonos da infidelidade do desejo

Regressei às rochas e rochedos do teu sorriso

Apenas por esta noite…

Invento máscaras

Invento o sono antes do pôr-do-sol

E na ausência das coisas perfeitas…

Finjo viver no teu coração


Só quando acordar o amanhecer

As minhas mãos abraçar-te-ão como uma jangada sem vida

Acorrentada à sonâmbula maré da solidão

Regressei

Meu amor

Aos teus braços frígidos no cansaço da noite

A carta escrita enviada à tua morada

Um número insignificante perdido na cidade

Como a morte

Sempre à espera do teu corpo

Meu amor…

 

 

Francisco Luís Fontinha

31/12/16