sábado, 26 de novembro de 2016

Aborrecido de ser


Me encontro neste caixote em cartão

Que a vida me deu,

Esta casa fictícia que só as madrugadas absorvem

Nos confins da tristeza,

Amanhã, amanhã uma árvore em despedida

Entranhar-se-á no meu corpo ósseo…

Do esquelético desejo

Entre os beijos desenhados

E os beijos… e os beijos aprisionados.

Sou uma planície sem nome

Mergulhada na solidão dos meus medos…

Me encontro

Neste esconderijo de cartão

Como um sonâmbulo desconhecido,

Triste…

Triste e aborrecido.

 

 

Francisco Luís Fontinha

26/11/2016