segunda-feira, 11 de abril de 2016

O falhado cadáver de silicone


Sou um falhado

Inventor de sonhos sem solução

Mendigo

Cansado

Farto de ouvir esta canção,

 

Sou um falhado

Diplomado em escuridão

O amor se ama

Amar não amando

Um triste e pobre coração,

 

Sou um falhado

Um transeunte que teima em se esconder

Não sei de quê

Nem de quem…

Mas aos poucos fico sem palavras para escrever,

 

Restam os livros deste falhado

Que sou eu

Criança sem Pátria

Um apátrida revoltado

A caminho do Céu,

 

Sou um falhado

Um cabrão à porta da morte

Bebo

Fumo

E espero pela sorte…

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 11 de Abril de 2016

domingo, 10 de abril de 2016

As máscaras


Assim permaneço inconstante

Neste lugar habitado pelos silêncios das amoreiras

Finjo ser feliz porque minto

E mentir faz parte da minha solidão

Fujo

Regresso

Permaneço inconstante na plenitude dos teus braços

Amargo sofrimento das fotografias onde morres

E sofres

Nesta cidade de sonâmbulos

O espelho da insónia

Pregado ao meu corpo

Assim permaneço inconstante

Com medo

O sofrido doente

Neste esconderijo

Fiquei desanexado do presente

Fugitivo da morte

Hoje não sei se te amo

Talvez nunca te amei

Porque o amor é-me estranho

Um ser prepotente

E ausente

De mim

Um esqueleto de palavras incertas

Uma máquina de roldanas fictícias

O livro em acabamento

Com todas as suas personagens

Lá fora

Meu amor

O nada

A absurda escuridão vestida de mar

O semáforo da paixão entre verdes e encarnados

Paro

Inclino-me para o desassossego

As manhãs dos teus lábios

Argamassados pelo colorido beijo

O livro vive

Dentro de mim os parafusos da melancolia

As porcas do cintilante pássaro da madrugada

A paixão novamente no ventre da solidão

Que o tempo há-de levar

As ruas desertas

As casas invisíveis

Como gargantas em granito

Procurando o pôr-do-sol

Ausento-me de ti

Sei que amanhã estarás a ler a minha lápide

Amaste

Não amei

Desamaste em poucas horas

Para voltares aos meus braços

O caminho deserto do silêncio

A rua sem transeuntes envergonhados

Amo-a sem o saber

Ou querer

O sítio esquelético da minha sombra

Em busca do privilegiado tesão do amanhecer

Durmo

Ajuda

Ajuda

A calçada dos ventres desventrados dos destroços de prata

Amo-te

Sem saber a razão

Cintilam em mim os terramotos da lentidão sonolência da sorte

Ausento-me

Corres

Amas-me como eu amo estes livros

Estes cadernos

Estas sebentas encurraladas na escuridão

Regressa o sono

Regressa o desejo das Calçadas envidraçadas pelo engate de um puto

A ressaca

A ressaca dos amigos

Quando ninguém habita o meu coração

Sem ajuda

Com Ajuda

Belém enraizada no meu corpo

Nos meus ossos

Na minha boca entrelaçada nos teus seios

Pássaros

Árvores

E gaivotas

Nos meus restos mortais

 

Francisco Luís Fontinha

domingo, 10 de Abril de 2016