(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
Há uma jangada
salival adormecida no teu peito, meu amor,
tens no olhar os
desenhos nocturnos da tempestade
e a sinfonia das
palavras embriagadas nos teus pulsos,
os beijos de incenso
suspensos nas estrelas da paixão,
o teu corpo de luz
na escuridão da
proibição,
amar,
amar o luar quando
sinto a falta das tuas mãos...
simplesmente sós
e transparentes,
como os vidros do
desejo,
nas sílabas da
montanha abraçada pela loucura,
Não posso desenhar
os teus seios
nos pavimentos
clandestinos da cidade,
não consigo
imaginar-te vestida de marinheiro...
como pertencem os
retratos dos crocodilos de papel,
nem as plumas da
inocência,
há uma jangada de
silêncio...
entranhada no teu
púbis cristalino
na água inseminada
pelo beijo,
e na tua boca as
flores da madrugada
acorrentadas às
janelas do destino...
cidade maldita esta
onde habitam os teus
ossos em poeira...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 14 de
Fevereiro de 2015