quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tortura nocturna entre xistos magoados


Deixas-me adormecer
no berço da lua
dor minha canção tua
do silêncio de viver,

Às palavras perdidas
dentro do feitiço amanhecer
soltam-se os ventos e as marés de morrer
em madrugadas na tua boca esquecidas,

Polícias da morte disfarçados de palavras estonteantes
as montanhas entre xistos desgovernados
coitados dos cadáveres saltitando nas janelas em sustos rasantes,

Coitados
dos cadáveres entre xistos magoados
que a noite tortura e come com os dentes cansados.

(poema não revisto)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Pastelaria azul


A pastelaria azul com pergaminhos de açúcar
abandonada no centro da avenida
uma cadeira vazia
apaixonada pelas palavras de mel
que poisam sobre as mesas de amêndoa,

Felizmente faço parte deste mobiliário literário
onde te sentas
e pensas nos sonhos desenhados sobre a areia da infância
oiço-te
e oiço-te murmurar nas longínquas rochas que me amas,

E adoras
e entrei nos teus sonhos como os pergaminhos de açúcar
e a avenida se veste de loiro poema em delírio
à tua mão de silêncio as gaivotas entre os sorrisos da noite
há uma janela para te vestires com os gemidos dos cacilheiros,

E adoras
as flores de abelha em papel com migalhas de vidro
das caricias muitas que a luz constrói no teu corpo
e felizmente faço parte deste mobiliário literário
que é o teu corpo de açúcar deambulando no centro da avenida...

(poema não revisto)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Como se fosse um pedaço de aço ou um vulcão em desejo


Perdi as minhas mãos
na seara do medo
e proibiram-me de acariciar os teus lábios de centeio
quando o teu corpo se veste de bola de luz
e perde-se na infinita noite,

Ouvi dizer que apareces dentro de um cubo de vidro
à janela da lua
e o teu corpo mergulhado nas palavras
anoitece no meu peito como se fosse um pedaço de aço
ou um vulcão em desejo,

Sinto-o dentro da porta da escuridão
os seios metamorfoseados nas esquinas tristes da cidade
há árvores nos teus olhos cansadas de viajar
e procuram incessantemente as nuvens de mar
que deus constrói nos alicerces das tuas coxas em delírio,

Perdi as minhas mãos
e deixei de sonhar depois de partires para a infinita madrugada
onde te escondes distraidamente no espelho das lágrimas voláteis
da mesa onde poisam os livros embrulhados em poeira
mesuradamente do pavimento da insónia,

Ouvi dizer
que as minhas mãos
(perdi as minhas mãos)
voam sobre a cidade cinzenta na ceara do medo
nos lábios mordidos pelas sílabas do poema em dentes de fúria adormecida,

Sinto-os dentro da minha boca
os teus lábios sibilados
em voos nocturnos dentro dos lençóis do medo
a voz cansada do sexo entra nas fendas do gesso embainhado pela solidão das horas
e lá fora chovem círculos de luz com finíssimos sons em gemidos deslocados no tempo,

Perdi as minhas mãos
(e sou tão feliz por te amar das palavras)
à janela da lua
a viagem sem destino
que um homem sem mãos escreve nos socalcos de xisto...

(poema não revisto)