Nas paredes curvilíneas da memória
poiso os meus braços de prata
acaricio pacificamente
os meus lábios de incenso
e as pinceladas do meu rosto
vagueiam livremente no vidro transparente
de linho amanhecer
antes do pequeno-almoço
oiço a tua voz misturada
nas acácias do fim de tarde
oiço-te enquanto me olho nas paredes curvilíneas da memória
sem palavras sem estória
sem nada
poiso os meus braços de prata
acaricio pacificamente
os meus lábios de incenso
e nas pinceladas do meu rosto
acorda a madrugada
cresce uma rua sem saída
suspensa numa cidade imaginária
com muitas portas e janelas
e calçadas
e velhos que se esqueceram de acordar
e fingem orgasmos pulmonares
e constroem a felicidade
num vão de escada
sem nada
com barcos mergulhados
em oceanos testiculares
sem nada
de mão dada
às paredes curvilíneas da memória
os meus braços de prata
pacificamente acariciados
felizes
contentes
tal como os velhinhos
num vão de escada
sem nada...
sábado, 28 de abril de 2012
Havia
Havia sorrisos nos livros que eu lia
havia palavras nos sorrisos
nos livros que eu lia
havia
manhãs em desespero
dias intermináveis
sem sonhos
sem poesia
havia
(um rio que se despedia
nos livros que eu lia)
havia sílabas
e vogais
e jornais
com palavras intermináveis
e desenhos de algodão
e outras coisas mais
havia
(um rio que se despedia
nos livros que eu lia)
e morreu
antes de nascer o dia...
havia palavras nos sorrisos
nos livros que eu lia
havia
manhãs em desespero
dias intermináveis
sem sonhos
sem poesia
havia
(um rio que se despedia
nos livros que eu lia)
havia sílabas
e vogais
e jornais
com palavras intermináveis
e desenhos de algodão
e outras coisas mais
havia
(um rio que se despedia
nos livros que eu lia)
e morreu
antes de nascer o dia...
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