sábado, 18 de fevereiro de 2012


59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

A solidão dos plátanos

Finge-se de morto – O Poema
Quando poiso a caneta invisível na sua mão
E olho-o e ele olha-me – O poema
Seminu na garganta do cansaço
À mercê dos olhos de uma árvore
Longe da janela
Onde desaparecem as escadas em direção ao céu
E erguem-se mandibulas nas cores das estrelas

Crescem poemas na solidão dos plátanos
E num jardim imaginário
Descansa a solidão
No desejo das palavras

Finge-se de morto – O Poema
Quando poiso a caneta invisível na sua mão
E olho-o e ele olha-me – O poema

Que sobejou das minhas noites de insónia.

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha