sábado, 11 de fevereiro de 2012

Entre paredes de vidro

Entre o silêncio e a morte
De viver sentado numa rocha de xisto
À espera do mar
Sem saber se existo
Entre o silêncio e a morte
Dos cigarros afogados no rio
Entre paredes de vidro
Resisto
E choro
Quando na madrugada se extinguem os sonhos
E uma nuvem de cansaço
Poisa sobre o meu corpo derretido
Magoado
Entre cigarros e palavras de desalento
As paredes de vidro
Os buracos por onde passam as lágrimas
Os fios de sémen agachados na areia finíssima do Mussulo
Sem vento
Cansado
Eu mergulho
À procura dos cigarros afogados no rio
Sem frio
Derretido na palma da mão de deus
Magoado
E choro
Entre paredes de vidro

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Conversas de cachimbo

Há um cachimbo que chora
Há silêncio misturado no fumo
Do cachimbo que chora,

Batem à porta
E sei que é o mar para entrar
E o cachimbo que chora
Nas minhas mãos a chorar,

Há um homem só
Que conversa com o cachimbo que chora
Com o mar à espera para entrar
Há silêncio misturado no fumo
Quando as palavras desgovernadas
Rompem noite dentro
Como se fossem um cortinado pendurado na garganta do cachimbo…
Sem janela
Envelhece o homem só,

Há um cachimbo que chora
Há silêncio misturado no fumo
Do cachimbo que chora,

E tal como os sonhos
Como o amor
Há silêncio misturado no fumo
Do cachimbo que chora e tem dor,

Sou o homem só
Que conversa com o cachimbo que chora,

E o mar à minha espera
E a espuma do mar dentro da boca do cachimbo…
Há um homem que chora
Agarrado a um cachimbo só
Há silêncio misturado no fumo
E sei que é o mar para entrar.

Noites de Insónia