quinta-feira, abril 03, 2025

Foi o vento, e é Lágrima de luz no meu acordar...

É lágrima de luz o silêncio, é o poema, depois de te desejar 

É rio, é mar 

E é sonhar, 

É uma pedra na mão de um olhar, é um círculo quase mel, nos teus beijos de beijar. 

É a ausência noite na mão de uma espingarda, é bala que lançada 

Procura a serpente amordaçada, quase triste, quase palavra 

Quando acorda a madrugada, 

É a charrua, e é terra lavrada. 

É lágrima de luz o silêncio, é o poema, depois de te desejar 

É poesia num relógio de parede, é luar, 

E é o medo, 

De te amar, 

E é a ponte e é também pássaro, e é o dia que não vai nascer, é sofrer, na escrita de uma aurora boreal, foi infeliz, hoje quase feliz, foi notícia de jornal, é o teu corpo quase transparente na espuma minha mão no teu acariciar, 

Foi o vento, e é 

Lágrima de luz no meu acordar...


quarta-feira, abril 02, 2025

A paixão escreve-se entre olhares

A paixão cresce,

Levita sobre um manto de algodão,

E esquece

A dor de um coração,


A paixão escreve-se entre olhares,

Entre palavras proibidas,

A paixão é silêncio entre mares

Das noites perdidas,


A paixão és tu, menina do mar,

Enquanto as flores no Inverno

Não se cansam de chorar,


A paixão são palavras em revolta,

São noites de inferno,

São os sonhos de uma gaivota.


A noite nos teus meus braços, meu amor

A noite nos teus meus braços, meu amor

Nas pálpebras de uma estrela em teu desejar,

Em eu te procurar

No meio de tanta flor


No centro do mar.

A noite é uma hora que dança

Nos lábios do luar

E que balança,


E que não se cansa

De te desenhar

E sempre que o quer alcança


O rio mais lindo da floresta colorida.

A noite nos teus meus braços em te amar...

Sem medo da despedida.


terça-feira, abril 01, 2025

Ao longe o destino, entrava em nós a luz quase desejo

Ao longe o destino, entrava em nós a luz quase desejo e projectava-se no espelho, havia uma janela que dava para a rua, havia uma rua, em baixo, que quase não sabia da existência da janela, às cinco em ponto ouvíamos os sinos da torre da Sé, que tão perto estava

Que às vezes, enquanto eu fumava, poisava o cigarro e voava,

E daqui a pouco,

Encontrava-me sentado na torre da Sé. Depois

Depois ficava por lá, como se fosse o meu esconderijo e onde observava a cidade, 

De uma outra cidade; a minha.

Vestia-me, e voltava novamente para o quarto, ela

Dormia, apenas tapada com um lençol, via-lhe o ombro esquerdo e as nádegas perfeitamente desenhadas, que aos poucos, se erguia do sono, olhava-me

Adormeci desculpa.

Eu pegava no cigarro, entre duas e três baforadas

Não faz mal, dorme meu amor.

Havia pássaros junto ao terreio, o rio começava o dia entre uísque e um ou dois cálices de vinho do porto, depois o rio, já muito acordado e de ter palmilhado ruas e ruelas da tua púbis, numa corrida tão louca,

Que quase sempre,

O rio,

No final do dia,

Quase noite,

Muito depois

Dormia, de tão embriagado estar.

Começou a chegar tarde e a más horas ao mar, o mar

Furioso,

Então pá?

Cá estamos, mais um Natal, não é verdade?

Ela

Amo-te sabias?

Claro que eu sei, claro que ao outro dia, o rio

Novamente acordado, novamente

Daqui a pouco,

Quase embriagado.

E ninguém daquela rua sabia, ou sabe

O nome daquele rio, que na minha cama se deitava,

Ao final da tarde.

No momento, era apenas o vento e todos os outros espantalhos da aldeia. Depois veio a chuva, miudinha, entranhava-se na tua pele como quase se tratasse de uma lágrima,

Quando não era ainda uma lágrima, quando ainda havia e tínhamos um aquário na cozinha, quando ainda eu conversava com os peixes antes de me deitar, depois

Dormia também, sonhava pouco, 

E dormia pouco,

Ela sonhava e murmurava qualquer coisa inaudível, eu

Olhava-a e escutava-a no silêncio de um dos seus seios poisados sobre o leito.

O que escreveria eu, no seu seio, antes de ela acordar?

Nunca se sabe como acordará o rio ao outro dia, mas quase sempre

Era inverno naquela casa, naquela janela quase que tocava a torre da Sé…

Cinco horas. Começávamos a contar as baladas na quase final de tarde, ela já acordada

Estava tão cansada meu amor!

E eu imaginava-a sentada sobre um lençol de estrelas e que me olhava e que me dizia,

Amo-te sabias?

E claro que eu o sei!


Na mão de um olhar

Na mão de um olhar um outro olhar, da noite de ontem, outra nova madrugada quase noite, quase tudo,

Quando ontem,

Era quase nada.

Na mão de um olhar um outro olhar do silêncio também ele,

Quase mar,

Quando ontem

Era só uma lágrima de chorar,

Hoje

É lágrima de luz

E é,

Sonhar...

Na mão de um olhar, o teu olhar

Quase chuva, depois foi a lua noite que não estava a pensar em fogo, e quase nua, quase

Quase palavra, depois do silêncio o

O rio que voltará a correr para o mar.


a tua boca, que procuro por entre este amontoado de livros

a tua boca, que procuro por entre este amontoado de livros, e que tanta coisa encontro, não tenho a tua boca que no meio de todos estes livros

brinca com os meu poemas.


à tua boca, se eu esta noite a encontrar, vou desenhar beijos, vou escrever palavras,

vou dizer aos teus lábios que quase o sol brilha em cada manhã acordada,

que quero a tua boca,

quando a encontrar…

na minha madrugada.


a tua boca, que procuro por este amontoado de livros, e que depois do sono, que depois

do silêncio,

que depois da tempestade,

nasce o sol e cada janela do teu olhar

é uma planície de girassóis à procura do mar, como eu procuro

a tua boca, neste amontoado de livros.



Há muitos anos, tínhamos um aquário na cozinha. Depois, a minha mãe chateou-se com os peixes, e deixamos de ter o aquário.
Comecei a sentir a falta do aquário, mas com o tempo, como tudo na vida, deixei de pensar nele, e de o ver.
Agora na mudança de casa encontrei o aquário. E cá está ele pronto a ter peixes e a funcionar…, e vai fazer-me bem todas as manhãs dar de comer aos peixes.
Só que em Alijó não há peixes de aquário à venda.