segunda-feira, 16 de setembro de 2024

 

Começa hoje a vindima na adega Sampaio – Castedo – Alijó.

 

Pedimos desculpa pelo incómodo.

espera por mim

 

espera por mim em qualquer sítio

para eu pegar na tua mão

pode ser a tristeza pode ser mau feitio

de me esconder na solidão

 

espera por mim e deixa-me pegar na tua mão

antes de a noite acordar

sem que a noite perceba que dentro do meu coração

vive o mar

 

espera por mim na avenida amanhecer

e dá-me a tua mão

e juntos vamos escrever

 

juntos vamos escrever o beijo

juntos vamos fazer uma canção

ou na areia desenhar o desejo

Melódica madrugada

 

Se eu pudesse abraçar

O rio dos teus lábios,

Beijar o Sol do teu olhar,

Se eu pudesse brincar na tua mão

Sendo criança

Com asas de voar,

 

Se eu pudesse afagar o teu cabelo

Enquanto uma gaivota de sorriso luar,

Escreve no teu coração…

A manhã ao acordar,

 

Se eu pudesse em ti desenhar

As montanhas,

As árvores,

E toda a obra de Deus,

Desenhar em ti uma palavra,

Um pequeno silêncio,

Ou a voz melódica da madrugada,

Se eu pudesse…

Abraçar,

O rio que há ti

E o mar em tua maré,

Se eu pudesse,

Abraçava-te…

Quando o vento te quer tombar.

domingo, 15 de setembro de 2024

 

já me humilharam algumas

já me apedrejaram

outras tantas

em tantas coisas

em poucas guerras

já me chamaram de pobre

de miserável

algumas

já me disseram que eu era um inútil

tantas e poucas;

 

mulheres.

 

já me espetaram no peito

a espada da sede

já fui artista de circo

já estive loucamente

apaixonado

por uma artista de circo;

trapezista. e eu imaginava o seu corpo contorcido no meu olhar,

e eu,

tocava-lhe com a mão,

e ela,

tocava-me

com o olhar.

 

já fui laranja

e fui cortado em rodelas

e colocado dentro de um copo com vodka, já estive apaixonado

ai se estive, ai se estive!

 

já fui um poema, hoje sou a puta de uma viga alveolar…

 

também já fui esperma.

 

já fui flor nos teus olhos

fui madrugada

na tua mão

já fui livro

fui canção

no bar da pousada.

já fui tudo

talvez hoje

não seja nada…

 

já fui magala

conversei com tantas

espingardas desaparafusadas

já fui barco em voltas no tejo

já fui pintor no sótão de uma casa,

 

e hoje sou o quê, pá?

 

às vezes, como sopa, às vezes

quase sempre, agora

como fruta;

dizem que faz muito bem ao intestino, e isto

de andar

com obstipação poética

não é

nada

mesmo nada

fácil.

 

cuido-me, às vezes. mas deixar de fumar…

acredito que mesmo que tivesse cancro de pulmão, como teve a minha mãe,

que nunca,

nunca fumou,

eu

eu não deixava de fumar.

 

dá-me prazer fumar.

dá-me prazer fazer amor e escrever no corpo dela

o mais belo poema de prazer.

dá-me prazer

em ter prazer

de ler,

gosto de ler poesia, e se gosto!

 

dá-me prazer,

pensar.

quando me dizem que sou tolo

e para não pensar,

mas se eu não pensar

morro; quem tanto mal me quer em querer que eu não pense…!

 

dá-me prazer, ver o mar

beijar

também me dá prazer,

e claro

 

no final do dia

o uísque saborear os meus lábios,

que também me dá prazer.

e oiço a tua voz;

desejo-te, francisco!

Nuvens em teu cabelo

 

Não fiques triste,

Se o dia acordou cansado,

Não fiques triste,

Se as nuvens poisarem em teu cabelo,

Não fiques triste,

Quando nos teus olhos crescerem lágrimas…

Não fiques triste,

 

Não fiques triste,

Se a tua manhã está ensonada,

(não fiques triste… se a tua colega come de boca aberta, ou se um parvalhão de um tal de Francisco te envia poemas)

Não fiques triste…

Porque um dia,

Um dia terás o Sol em tua casa.

Lágrima de brincar




A manhã é uma lágrima de brincar

e quando a Primavera vem 

um desenho que não tem janelas 

dorme acreditando 

que alguém se esqueceu da luz


O dia todo em casa dispenso do silêncio 

a árvore que brinca no quintal 

nunca mais vai ver a lua 

tão pouco será o dia 

observado de uma janela 


Lá fora as crianças brincam com a sombra 

escrevem versos nas paredes da escola 

lá fora há um sorriso lindo 

que transporta na mão 

o orvalho