Começa hoje a vindima na adega Sampaio –
Castedo – Alijó.
Pedimos desculpa pelo incómodo.
espera por mim em
qualquer sítio
para eu pegar na tua mão
pode ser a tristeza pode
ser mau feitio
de me esconder na solidão
espera por mim e deixa-me
pegar na tua mão
antes de a noite acordar
sem que a noite perceba
que dentro do meu coração
vive o mar
espera por mim na avenida
amanhecer
e dá-me a tua mão
e juntos vamos escrever
juntos vamos escrever o
beijo
juntos vamos fazer uma
canção
ou na areia desenhar o
desejo
Se eu pudesse abraçar
O rio dos teus lábios,
Beijar o Sol do teu
olhar,
Se eu pudesse brincar na
tua mão
Sendo criança
Com asas de voar,
Se eu pudesse afagar o
teu cabelo
Enquanto uma gaivota de
sorriso luar,
Escreve no teu coração…
A manhã ao acordar,
Se eu pudesse em ti
desenhar
As montanhas,
As árvores,
E toda a obra de Deus,
Desenhar em ti uma
palavra,
Um pequeno silêncio,
Ou a voz melódica da
madrugada,
Se eu pudesse…
Abraçar,
O rio que há ti
E o mar em tua maré,
Se eu pudesse,
Abraçava-te…
Quando o vento te quer
tombar.
já me humilharam algumas
já me apedrejaram
outras tantas
em tantas coisas
em poucas guerras
já me chamaram de pobre
de miserável
algumas
já me disseram que eu era
um inútil
tantas e poucas;
mulheres.
já me espetaram no peito
a espada da sede
já fui artista de circo
já estive loucamente
apaixonado
por uma artista de circo;
trapezista. e eu
imaginava o seu corpo contorcido no meu olhar,
e eu,
tocava-lhe com a mão,
e ela,
tocava-me
com o olhar.
já fui laranja
e fui cortado em rodelas
e colocado dentro de um
copo com vodka, já estive apaixonado
ai se estive, ai se
estive!
já fui um poema, hoje sou
a puta de uma viga alveolar…
também já fui esperma.
já fui flor nos teus
olhos
fui madrugada
na tua mão
já fui livro
fui canção
no bar da pousada.
já fui tudo
talvez hoje
não seja nada…
já fui magala
conversei com tantas
espingardas
desaparafusadas
já fui barco em voltas no
tejo
já fui pintor no sótão de
uma casa,
e hoje sou o quê, pá?
às vezes, como sopa, às
vezes
quase sempre, agora
como fruta;
dizem que faz muito bem
ao intestino, e isto
de andar
com obstipação poética
não é
nada
mesmo nada
fácil.
cuido-me, às vezes. mas
deixar de fumar…
acredito que mesmo que
tivesse cancro de pulmão, como teve a minha mãe,
que nunca,
nunca fumou,
eu
eu não deixava de fumar.
dá-me prazer fumar.
dá-me prazer fazer amor e
escrever no corpo dela
o mais belo poema de
prazer.
dá-me prazer
em ter prazer
de ler,
gosto de ler poesia, e se
gosto!
dá-me prazer,
pensar.
quando me dizem que sou
tolo
e para não pensar,
mas se eu não pensar
morro; quem tanto mal me
quer em querer que eu não pense…!
dá-me prazer, ver o mar
beijar
também me dá prazer,
e claro
no final do dia
o uísque saborear os meus
lábios,
que também me dá prazer.
e oiço a tua voz;
desejo-te, francisco!
Não fiques triste,
Se o dia acordou cansado,
Não fiques triste,
Se as nuvens poisarem em teu cabelo,
Não fiques triste,
Quando nos teus olhos crescerem lágrimas…
Não fiques triste,
Não fiques triste,
Se a tua manhã está ensonada,
(não
fiques triste… se a tua colega come de boca aberta, ou se um parvalhão de um
tal de Francisco te envia poemas)
Não fiques triste…
Porque um dia,
Um dia terás o Sol em tua casa.
A manhã é uma lágrima de brincar
e quando a Primavera vem
um desenho que não tem janelas
dorme acreditando
que alguém se esqueceu da luz
O dia todo em casa dispenso do silêncio
a árvore que brinca no quintal
nunca mais vai ver a lua
tão pouco será o dia
observado de uma janela
Lá fora as crianças brincam com a sombra
escrevem versos nas paredes da escola
lá fora há um sorriso lindo
que transporta na mão
o orvalho