domingo, 15 de setembro de 2024

 

já me humilharam algumas

já me apedrejaram

outras tantas

em tantas coisas

em poucas guerras

já me chamaram de pobre

de miserável

algumas

já me disseram que eu era um inútil

tantas e poucas;

 

mulheres.

 

já me espetaram no peito

a espada da sede

já fui artista de circo

já estive loucamente

apaixonado

por uma artista de circo;

trapezista. e eu imaginava o seu corpo contorcido no meu olhar,

e eu,

tocava-lhe com a mão,

e ela,

tocava-me

com o olhar.

 

já fui laranja

e fui cortado em rodelas

e colocado dentro de um copo com vodka, já estive apaixonado

ai se estive, ai se estive!

 

já fui um poema, hoje sou a puta de uma viga alveolar…

 

também já fui esperma.

 

já fui flor nos teus olhos

fui madrugada

na tua mão

já fui livro

fui canção

no bar da pousada.

já fui tudo

talvez hoje

não seja nada…

 

já fui magala

conversei com tantas

espingardas desaparafusadas

já fui barco em voltas no tejo

já fui pintor no sótão de uma casa,

 

e hoje sou o quê, pá?

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