domingo, 25 de agosto de 2024

Equação da paixão

 

Diferenciando o desejar-te, elevando ao décimo quinto beijo
O amar-te
Integrando o beijar-te nos teus lábios
Obtenho o querer-te
No silêncio de abraçar-te.

 

(amo-te)

desejar

 

desejo-te quando acorda a noite, e os teus olhos são estrelas

desejo-te quando a noite é um verso, e nos teus lábios brincam crianças de luz

desejo-te quando a noite é um crisântemo, e nas tuas mãos esconde-se o mar

desejo-te, que não me canso de te desejar

leituras


 

 

(à Cristina)

 

Aporto nas tuas coxas em delírio, e sinto cada palavra que se ergue da tua pele,

Escrevo no teu seio qualquer coisas sem nexo, qualquer coisa à procura de prazer,

Sítio deste pequeno silêncio.

Oiço-te em cada gemido o orgasmo lunar das tuas mãos, que encontram no meu sexo, o pôr-do-sol.

 

Cada milímetro quadrado do teu corpo é um mar de rosas, é um oceano em combustão,

Que no peito da noite

Escava na tua boca,

O primeiro gemido.

Em cima da mesa-de-cabeceira, um livro de Mia Couto, e todos os sons de África se entranham no teu corpo,

E fazem-me recordar,

A minha África de infância.

 

Lá fora, há um ressonar de estrelas, lá fora, há um pedaço de luz que entrará dentro de ti,

Como se fosse uma espada de desejo…

Como se fosse um pássaro em retirada,

Depois da meia-noite.

 

Tenho medo de te perder.

 

Quantas vidas tem um frigorífico,

Quantos gemidos chegam à cozinha, vindos do quarto,

E regressam

Novamente ao quarto?

 

Quantas janelas tem uma janela,

E de apenas uma se vê o mar?

Quantos barcos tem a minha mão

Depois de acariciar o teu sexo,

A tua pele?

 

(primeira parvoíce do dia)

as estrelas do teu olhar

 

onde estão, as estrelas do teu olhar

onde poisam, as flores do teu olhar

e brincam,

as páginas-lírio do teu olhar…

 

onde escondes, as lágrimas do teu olhar

o que fazes, tu, com o mar do teu olhar

quantas são, meu amor, as estrelas do teu olhar

pelas quais o meu olhar, se enamora.

Ao longe, um cão a latir

Um galo esganiçado

Faz acordar o dia.

Um pedaço de luz

Poisa na minha janela.

Ao longe, um cão a latir

Um galo esganiçado

Faz acordar o dia.

 

Ao longe, a terra prometida

Uma cidade habita

Por palavras,

Quando o teu nome é poesia,

Quando o teu nome

Se confunde com o dia.

 

Um galo esganiçado

Faz acordar o dia,

Um pássaro cansado

Apodera-se do meu jardim,

E vive lá,

E vive aqui.

Ao longe, um cão a latir

Dentro de uma casa.