No
teu rosto, insígnia adormecida dos tempos de cólera, no teu rosto
A
sílaba perdida do poema que o poeta escreveu à manhã.
No
teu rosto, o sorriso da noite quando traz consigo a lareira da paixão, e o teu
rosto, alicerça-se ao primeiro pingo de chuva,
Quando
se erguem as margaridas deste jardim.
As
luzes da rua, acordam do sonâmbulo dia, o teu rosto, esconde-se no
Meu
rosto,
E
a maré sonolenta, e a maré, enfeitiçada pela Aurora Boreal do teu sorriso,
imagina no teu rosto um pedaço de sono,
No
desejo da insónia,
Do
teu rosto.
No
teu rosto, ó meu amor, as sanzalas em brincadeira de criança, do teu rosto,
quando penso na escuridão, e dou o triplo salto para o abismo,
Fecho
os olhos, pego no teu silêncio, e sinto o teu rosto juntinho ao meu, e sinto a Primavera
quando transporta na algibeira, as andorinhas, e do outro lado da rua, fica a
casa, a casa onde escondo,
O
meu rosto,
Do
teu rosto.
No
teu rosto, insígnia adormecida dos tempos de cólera, no teu rosto
A
sílaba perdida do poema que o poeta escreveu à manhã.
Do
teu rosto me escondo,
No
teu rosto, deixo ficar, o meu rosto
E
finjo dormir.
E
desenho o teu rosto, no meu rosto, e desenho a tua mão, na minha mão
E
depois da ausência, o mergulho no cacimbo, junto ao rio,
Daquele
rio de que me escondo,
Do
meu rosto,
No
teu rosto
Este
meu poeta com asas de avião, deste pobre poeta, do teu rosto,
O
dia,
Em
poesia.
No
teu rosto.
Do
teu rosto, a madrugada traz a palete de cores que o poeta vai deixar cair, aos
pedacinhos, na tela sem nome, na tela vazia, vazia como a claridade lunar;
Finjo
dormir.
Durmo
no teu rosto.
Do
teu rosto,
Mergulho,
como descrevi à pouco, mergulho no cacimbo junto ao rio, mas que rio é este,
este rio que não conheço, e este rio que também não conhece o teu rosto,
Neste
rio de água cinzenta, na frescura paixão quando o pôr-do-sol corre para o mar,
E
deixarei de ver o teu rosto.
Finjo,
finjo dormir.
No
teu rosto, insígnia adormecida.
29/11/2023