Não consigo matar o sono,
o sono não morre, disparo uma bala contra ele, e ele, feliz, ao outro dia,
depois da tarde se esconder na tua mão.
Tento outras maneiras e
feitios de o matar, mas o gajo é teimoso, mas o gajo não morre,
Parece o tempo.
Parece a chuva, parece a lezíria
perdidamente de sono, depois de o vento trazer as ancoradas cinzas do meu
corpo,
Os sonhos,
Dos sonhos que sonho, nos
sonhos de sonhar.
Não consigo matar o sono,
não consigo matar este barco que habita dentro de mim, não consigo matar o
sono, mesmo que às vezes ele se finja de uma outra coisa e entra em mim como se
fosse uma lança…
Tristes, são os teus
olhos depois da chuva.
Do outro lado da rua, a
minha rua, deste lado da rua, nada,
Pensando bem, o sono é
imortal, e nunca será um cadáver,
A não ser,
A não ser que o sono
tenha sentimentos, como eu, a não ser que o sono tenha manias, como eu, a não
ser…
Que este chocolate que
como termine, que estes cigarros que fumo, morram nas minhas mãos, e que esta
lareira cesse de me amar,
Não morre o sono, mas
morro eu,
De sono.
Não consigo matar o sono.
Que chatice.
Não consigo encomendar um
simples livro, porque me apetece e às vezes não me apetece, quando me apetece
ouvir-te e pego no tablet…
E embrulho-me nos teus
olhos.
E embrulho-me nas tuas
sílabas.
26/11/2023