sábado, 25 de novembro de 2023

Como seria a noite, meu amor, nos teus olhos?

 

O teu olhar, o teu olhar é um diamante lapidado, são estrelas que habitam a milhões de anos-luz do nosso planeta,

O teu olhar é a manhã vestida de alegria,

São flores, são poesia,

 

O teu olhar, quando me olha, finge não me ver,

E esconde-se num pedacinho de lua,

É canção que eu te vou escrever,

Do teu olhar,

Quando o mar é sonâmbulo, e a minha mão poisa no teu cabelo.

 

O teu olhar é o teu nome, o teu nome escrito na geada, do teu nome a tarde se despede, e vai simplesmente embora,

E só regressa ao outro dia,

De mãos vazias,

De algibeira vazia,

No entanto,

O teu olhar é o olhar mais feliz do universo…

 

Da galáxia,

Do círculo e do quadrado,

O que te interessa a ti, meu amor, o círculo, o quadrado, integrais e equações diferencias…

Quando o teu olhar é tão lindo, meu amor,

Tão lindo,

 

Que por ele eu era capaz de me matar.

O teu olhar, meu amor, o teu olhar é a equação de Deus,

É a solução para a fome,

Para a tristeza,

Para a pobreza,

Que por ele eu me matava,

Com palavras,

Com poemas;

Imagina meu amor, eu suicidar-me com um poema, disparar uma frase contra o meu olhar e,

Morrer.

 

E escrever.

Imagina meu amor, imagina o sol suspenso no teu cabelo, imagina meu amor, imagina a lua poisada nos teus lábios,

Como seria o dia,

Como seria a noite,

Meu amor,

Nos teus olhos?

Imagina…

 

 

25/11/2023

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Mar de ti, meu amor

 



 

Poema da manhã

 

Alguém dispara uma bala de silêncio contra o meu corpo frágil, e morro.

Fico feliz por morrer, fico tão feliz por morrer, como fico tão feliz depois de terminar o poema.

Sou tão feliz por escrever,

E tão feliz por te amar,

Como fico tão feliz depois de lançar ao mar as minhas palavras,

Alguém dispara contra mim,

Uma bala de silêncio,

E um pedaço de sono foge em direcção à montanha.

 

As minhas palavras, tal como o meu corpo, são frágeis,

São inocentes desejos,

Alguém dispara e oiço um estrondo, é o meu poema em pequenas explosões,

 

São as vidraças da minha janela em pedacinhos de insónia, fico tão feliz por morrer que até me esqueço da Primavera, e das flores, e dos pássaros,

Sou tão feliz por morrer, sou tão feliz por te amar, sou tão…

Sou tão invisível que as paredes da minha casa, da casa onde escondo os meus poemas, deixam de ter cor, deixam de ter nome, são invisíveis, tal como eu,

O poeta invisível.

 

Alguém dispara uma bala de silêncio contra o meu corpo frágil, e morro.

Fico feliz por morrer, fico tão feliz por morrer, como fico tão feliz depois de terminar o poema,

E o poema também morre, e o poema também ama,

Fico tão feliz por morrer que depois de partir, que depois de levantar voo sobre a cidade, sinto o orvalho impregnado nos meus ossos, nas minhas mãos,

E o poema depois de morrer, e o poema depois de partir,

Esconde-se, tal como eu,

Nos teus olhos de mar,

Meu amor,

Meu poema da manhã.

 

 

24/11/1013

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Das palavras, as tuas palavras

 

As palavras, aos poucos, cansam-se das minhas mãos. As palavras escondem-se nos teus olhos, minha querida manhã de cereja ensonada, as palavras, as tuas palavras,

As tuas palavras são a minha madrugada, são o eterno silêncio nocturno dos luares de insónia,

As palavras, aos poucos, cansam-se das minhas mãos, e fogem para o mar,

Do mar em teus olhos.

 

Olho esta fogueira de sono, e as palavras, as tuas palavras, as palavras com que desenho o poema…

Morrem antes de alcançarem as minhas mãos.

Fico triste, meu amor, fico triste por não ter palavras para te enviar, ao menos se eu pudesse transformar palavras que não tenho em um simples olhar,

Ao menos,

Eu escrever-te-ia e eu te enviava,

Palavras,

Palavras de amar.

 

Palavras que não tenho, palavras que procuro na escuridão do dia e na alegria da noite, palavras tuas em teus olhos de mar,

Em teus olhos em flor,

Das palavras que que te escrevo,

Às palavras que não tenho.

 

As tuas palavras, meu amor, são as palavras que adocicam o meu olhar, são as tuas palavras que inventam nos meus lábios, o beijo,

Entre algumas palavras, nas palavras que procuro.

 

As palavras, aos poucos, cansam-se das minhas mãos. As palavras escondem-se nos teus olhos, minha querida manhã de cereja ensonada,

Palavras envenenadas, palavras sem madrugada,

 

Nas palavras das tuas palavras,

As minhas tristes palavras,

Da minha sensação de acreditar nas palavras, quando as palavras que procuro, são apenas as tuas palavras,

Nas palavras que escondo nos teus olhos, meu amor,

Das palavras que habitam neste jardim em flor.

 

Em flor as palavras,

Das palavras, as tuas palavras.

 

 

23/11/2023

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Mar de ti, meu amor

 

Mar de ti, meu amor, em teus olhos, mar de ti, meu amor, em teus lábios de mel, mar em ti, quando acorda a manhã, mar de ti, quando se despede a noite das tuas mãos.

Navego neste mar salgado, desassossegado, navego neste mar sem pátria, neste mar sem nome, dos teus olhos, o silêncio abraçado à maré, em teu mar em teus olhos,

Em ti,

De ti,

Meu amor.

 

Mar de ti,

Quando o primeiro beijo da madrugada poisa nos teus lábios, incinerados pela luz diáfana do desejo, em ti, meu mar, meu amor de mar em ti.

 

Mar sem ti, em ti este mar que transporto no meu peito, neste mar que visto de poema, quando percebo que dos teus olhos,

O mar está em ti,

De ti, meu mar,

Barcos que a noite inventa numa pequena esponja de dor, de ti, meu mar, meu amor, sem que a madrugada perceba as tuas lágrimas.

 

Escrevo palavras,

Palavras ao mar dos teus olhos, palavras que invento, palavras que semeio nos teus lábios de mel, em ti, este mar, em ti, este sofrimento de amar, de correr junto à praia, quando desce o luar sobre o teu cabelo solto e que brinca com o vento, em ti meu mar, de ti, meu amor…

 

Este mar,

Este lamento.

 

 

22/11/2023

Esperança – Poema de Francisco Luís Fontinha