quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Das palavras, as tuas palavras

 

As palavras, aos poucos, cansam-se das minhas mãos. As palavras escondem-se nos teus olhos, minha querida manhã de cereja ensonada, as palavras, as tuas palavras,

As tuas palavras são a minha madrugada, são o eterno silêncio nocturno dos luares de insónia,

As palavras, aos poucos, cansam-se das minhas mãos, e fogem para o mar,

Do mar em teus olhos.

 

Olho esta fogueira de sono, e as palavras, as tuas palavras, as palavras com que desenho o poema…

Morrem antes de alcançarem as minhas mãos.

Fico triste, meu amor, fico triste por não ter palavras para te enviar, ao menos se eu pudesse transformar palavras que não tenho em um simples olhar,

Ao menos,

Eu escrever-te-ia e eu te enviava,

Palavras,

Palavras de amar.

 

Palavras que não tenho, palavras que procuro na escuridão do dia e na alegria da noite, palavras tuas em teus olhos de mar,

Em teus olhos em flor,

Das palavras que que te escrevo,

Às palavras que não tenho.

 

As tuas palavras, meu amor, são as palavras que adocicam o meu olhar, são as tuas palavras que inventam nos meus lábios, o beijo,

Entre algumas palavras, nas palavras que procuro.

 

As palavras, aos poucos, cansam-se das minhas mãos. As palavras escondem-se nos teus olhos, minha querida manhã de cereja ensonada,

Palavras envenenadas, palavras sem madrugada,

 

Nas palavras das tuas palavras,

As minhas tristes palavras,

Da minha sensação de acreditar nas palavras, quando as palavras que procuro, são apenas as tuas palavras,

Nas palavras que escondo nos teus olhos, meu amor,

Das palavras que habitam neste jardim em flor.

 

Em flor as palavras,

Das palavras, as tuas palavras.

 

 

23/11/2023

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