Alguém dispara uma bala
de silêncio contra o meu corpo frágil, e morro.
Fico feliz por morrer,
fico tão feliz por morrer, como fico tão feliz depois de terminar o poema.
Sou tão feliz por
escrever,
E tão feliz por te amar,
Como fico tão feliz
depois de lançar ao mar as minhas palavras,
Alguém dispara contra
mim,
Uma bala de silêncio,
E um pedaço de sono foge
em direcção à montanha.
As minhas palavras, tal
como o meu corpo, são frágeis,
São inocentes desejos,
Alguém dispara e oiço um
estrondo, é o meu poema em pequenas explosões,
São as vidraças da minha
janela em pedacinhos de insónia, fico tão feliz por morrer que até me esqueço
da Primavera, e das flores, e dos pássaros,
Sou tão feliz por morrer,
sou tão feliz por te amar, sou tão…
Sou tão invisível que as
paredes da minha casa, da casa onde escondo os meus poemas, deixam de ter cor,
deixam de ter nome, são invisíveis, tal como eu,
O poeta invisível.
Alguém dispara uma bala
de silêncio contra o meu corpo frágil, e morro.
Fico feliz por morrer,
fico tão feliz por morrer, como fico tão feliz depois de terminar o poema,
E o poema também morre, e
o poema também ama,
Fico tão feliz por morrer
que depois de partir, que depois de levantar voo sobre a cidade, sinto o
orvalho impregnado nos meus ossos, nas minhas mãos,
E o poema depois de
morrer, e o poema depois de partir,
Esconde-se, tal como eu,
Nos teus olhos de mar,
Meu amor,
Meu poema da manhã.
24/11/1013
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