quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Parede de betão
Lâminas de solidão rompem o meu peito cansado
E na minha mão as flores selvagens da montanha
Dormem profundamente ao som da manhã desalinhada
A porta virada para o mar cerra-se e uma parede de betão
Prende o meu olhar
Deixo de ver o mar
E imagino-o a correr nos meus braços
E pinto-o na parede de betão
Que me proíbe de ver o mar
Que me proíbe de brincar com o mar
As lâminas de solidão rompem o meu peito cansado
E espero pela chegada da noite
Abraçar-me com toda a força às rochas sonâmbulas
E esperar que a maré me venha buscar
E me leve
E me absorve e misture nos seus desejos
A solidão dói
Mas não existe pior dor
Que estar junto ao mar
E não o conseguir abraçar
E ser proibido de o ver
Porque uma parede de betão prende o meu olhar
E na minha mão as flores selvagens da montanha
Dormem profundamente ao som da manhã desalinhada
A porta virada para o mar cerra-se e uma parede de betão
Prende o meu olhar
Deixo de ver o mar
E imagino-o a correr nos meus braços
E pinto-o na parede de betão
Que me proíbe de ver o mar
Que me proíbe de brincar com o mar
As lâminas de solidão rompem o meu peito cansado
E espero pela chegada da noite
Abraçar-me com toda a força às rochas sonâmbulas
E esperar que a maré me venha buscar
E me leve
E me absorve e misture nos seus desejos
A solidão dói
Mas não existe pior dor
Que estar junto ao mar
E não o conseguir abraçar
E ser proibido de o ver
Porque uma parede de betão prende o meu olhar
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Janelas para o inferno
Estar só dentro de um cubo de vidro
E janelas para o inferno
Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar
E nas faces transparentes das paredes de vidro
Uma criança não se cansa de chorar
Desistindo aos poucos de sonhar
Uma criança a ser engolida pela garganta do mar
Que se extingue juntamente com as árvores e os pássaros
E o cubo de vidro
Sorri quando lhe tocam e o acariciam
Que faz um louco dentro de um cubo de vidro?
E eu? O que sou eu comparado com um cubo de vidro
Ou com a criança que não se cansa de chorar…
Ou com a criança que desistiu de sonhar?
E o que sou eu comparado com aqueles que acariciam e tocam
No cubo de vidro?
E ele sorri quando lhe tocam
E ele sorri quando o acariciam
Serei eu então o louco sentado dentro do cubo de vidro?
Ou foi o cubo que enlouqueceu?
Ou é a criança que está louca e chora junto às faces transparentes
Das paredes de vidro?
E se eu for o cubo de vidro
E dentro de mim um louco sentado
A olhar a criança que chora junto às faces transparentes
Das paredes de vidro
Com janelas para o inferno
Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar
Estar só dentro de um cubo de vidro
E janelas para o inferno
E ele sorri quando lhe tocam
E ele sorri quando o acariciam
E ele enlouqueceu no fundo do mar
E janelas para o inferno
Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar
E nas faces transparentes das paredes de vidro
Uma criança não se cansa de chorar
Desistindo aos poucos de sonhar
Uma criança a ser engolida pela garganta do mar
Que se extingue juntamente com as árvores e os pássaros
E o cubo de vidro
Sorri quando lhe tocam e o acariciam
Que faz um louco dentro de um cubo de vidro?
E eu? O que sou eu comparado com um cubo de vidro
Ou com a criança que não se cansa de chorar…
Ou com a criança que desistiu de sonhar?
E o que sou eu comparado com aqueles que acariciam e tocam
No cubo de vidro?
E ele sorri quando lhe tocam
E ele sorri quando o acariciam
Serei eu então o louco sentado dentro do cubo de vidro?
Ou foi o cubo que enlouqueceu?
Ou é a criança que está louca e chora junto às faces transparentes
Das paredes de vidro?
E se eu for o cubo de vidro
E dentro de mim um louco sentado
A olhar a criança que chora junto às faces transparentes
Das paredes de vidro
Com janelas para o inferno
Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar
Estar só dentro de um cubo de vidro
E janelas para o inferno
E ele sorri quando lhe tocam
E ele sorri quando o acariciam
E ele enlouqueceu no fundo do mar
Retrato
(Aos meus amigos:
Aqueles que o são;
Os que o fingem ser;
Aqueles que têm medo de o ser;)
Há um espelho suspenso nos dias
Que deforma o meu rosto
Há um espelho transparente que só existe na noite
E me engole
E me transporta pra o silêncio das estrelas
Há um espelho que me ama
Porque é um espelho invisível
Porque ninguém o vê
Porque não tem medo de escrever na geada da noite
Eu amo-te
Porque o escreve em silêncio
Para não ser recriminado por outros espelhos
Há um espelho que deforma o meu rosto
E quando me olho nele vejo os riscos que crescem sobre a copa das árvores
Junto ao rio
Numa rua sonâmbula e em lágrimas
Eis o meu retrato
Fabricado num espelho invisível
Sem medo de mim
Sem medo de me abraçar
E escrever na geada da noite
- Eu amo-te
Aqueles que o são;
Os que o fingem ser;
Aqueles que têm medo de o ser;)
Há um espelho suspenso nos dias
Que deforma o meu rosto
Há um espelho transparente que só existe na noite
E me engole
E me transporta pra o silêncio das estrelas
Há um espelho que me ama
Porque é um espelho invisível
Porque ninguém o vê
Porque não tem medo de escrever na geada da noite
Eu amo-te
Porque o escreve em silêncio
Para não ser recriminado por outros espelhos
Há um espelho que deforma o meu rosto
E quando me olho nele vejo os riscos que crescem sobre a copa das árvores
Junto ao rio
Numa rua sonâmbula e em lágrimas
Eis o meu retrato
Fabricado num espelho invisível
Sem medo de mim
Sem medo de me abraçar
E escrever na geada da noite
- Eu amo-te
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
A fogueira da vida
Tudo arde na fogueira da vida
E os sonhos cessam como as andorinhas
Após a primavera
Tudo arde
Exceto na fogueira da vida
O sofrimento
Tudo arde na fogueira da vida
E tudo morre lentamente
No silêncio da noite
Evapora-se o mar nas manhãs de inverno
E à volta do pescoço do amanhecer
Crescem suspiros de solidão
Tudo arde na fogueira da vida
Como uma árvore que tomba no chão
Ou uma simples lágrima que se desprende do rosto
Magoado e triste da neblina
Tudo arde
E tudo se renova na fogueira da vida
E os sonhos cessam como as andorinhas
Após a primavera
Tudo arde
Exceto na fogueira da vida
O sofrimento
Tudo arde na fogueira da vida
E tudo morre lentamente
No silêncio da noite
Evapora-se o mar nas manhãs de inverno
E à volta do pescoço do amanhecer
Crescem suspiros de solidão
Tudo arde na fogueira da vida
Como uma árvore que tomba no chão
Ou uma simples lágrima que se desprende do rosto
Magoado e triste da neblina
Tudo arde
E tudo se renova na fogueira da vida
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