terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Janelas para o inferno

Estar só dentro de um cubo de vidro
E janelas para o inferno
Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar
E nas faces transparentes das paredes de vidro
Uma criança não se cansa de chorar
Desistindo aos poucos de sonhar

Uma criança a ser engolida pela garganta do mar
Que se extingue juntamente com as árvores e os pássaros
E o cubo de vidro
Sorri quando lhe tocam e o acariciam

Que faz um louco dentro de um cubo de vidro?
E eu? O que sou eu comparado com um cubo de vidro
Ou com a criança que não se cansa de chorar…
Ou com a criança que desistiu de sonhar?
E o que sou eu comparado com aqueles que acariciam e tocam
No cubo de vidro?

E ele sorri quando lhe tocam
E ele sorri quando o acariciam

Serei eu então o louco sentado dentro do cubo de vidro?
Ou foi o cubo que enlouqueceu?
Ou é a criança que está louca e chora junto às faces transparentes
Das paredes de vidro?

E se eu for o cubo de vidro
E dentro de mim um louco sentado
A olhar a criança que chora junto às faces transparentes
Das paredes de vidro
Com janelas para o inferno
Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar

Estar só dentro de um cubo de vidro
E janelas para o inferno
E ele sorri quando lhe tocam
E ele sorri quando o acariciam

E ele enlouqueceu no fundo do mar

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