sexta-feira, 15 de maio de 2020

Sem ti


Sem ti, sou um pequeno ponto de luz nos braços da solidão.

Uma simples folha em papel,

Sem ti, sou um pedaço de terra, calcada pela desilusão,

Uma labareda de nada, entre sorrisos e abraços.

Sem ti, sou a cidade em combustão,

Crianças que guerreiam por um pedaço de chão.

Sem ti, os peixes cintilam dentro do aquário,

No leito cansado do pensamento.

Sem ti, sou um pequeno achado,

Palavra emagrecida, esplanada só, sem ninguém,

Sem ti,

Sou,

Aquele abraço aborrecido,

Dormindo na tarde.

Dormindo na esperança,

De um dia, sem ti,

Escrever nos teus lábios.

Sem ti, sou a personagem secreta da noite,

Sou lua enganada,

Sou luar das plantas inanimadas,

Sem ti, sou o jardim junto à calçada.

Sem ti, não sou nada.





Francisco Luís Fontinha

Alijó, 15/05/2020

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Não tenho pressa, meu amor.


Não tenho pressa de regressar às tuas mãos.

Enquanto dormir nos teus lábios,

Os meus braços alicerçam-se à tua boca,

Escrevem,

Correm,

Nos poemas de viver.

Não tenho tempo de regressar ao teu corpo,

Em chocolate puro,

Doce,

Como a amêndoa amanhecer.

Não tenho pressa de escrever no teu cabelo,

Os poemas de esconder,

Os versos partidos e fatiados,

Ao pequeno-almoço.

Não tenho pressa de caminhar,

Em direção ao mar,

Porque o rio está longe,

Das fotografias de beijar.







Francisco Luís Fontinha

Alijó, 14/05/2020