A noite é um
poema em dois actos,
Primeiro acto,
Despe-se o poema
Na cama
invisível da insónia
O poema mergulha
nas mãos em silêncio do poeta
O poema
liberta-se das amarras
Das amarras que
aprisionam o poema
E o poeta,
O poema
contorce-se
Gira nos lábios
da Via Láctea
E todas as
palavras do poema…
Soltam-se da
pequena folha em papel
E todas as
estrelas desenham sorrisos nos olhos do poeta,
Segundo acto,
O poema deseja
O poeta desejado
O poema grita
Nos lábios do
poeta
Os uivos do
poema envenenado,
Depois do poema
em êxtase
O poeta começa a
escrever nos cortinados do silêncio…
O poema
O poema sonhado.
Alijó,
17/01/2023
Francisco Luís
Fontinha