Em que rio te escondes
Corpo sonâmbulo das
vagabundas noites
Mestre das palavras
Feiticeiro dos dias de
neblina,
Em que corpo habitas
Cansado menino sem
esperança
Melodia das manhãs de
Inverno…
Que corpo é este
Que transporto
Que nada me diz
Quando desce a lua sobre
o meu cabelo,
Não sei em que corpo te
escondes
Se tens um corpo para te
esconderes,
Sonâmbulo amigo
Amigo que procuras as
espadas
E te suicidas com elas,
E te libertas das canções
envenenadas pelo silêncio
Teu corpo
Meu corpo
Menino sem Pátria
Menino das sandálias e
dos calções;
Teu corpo
É o meu corpo
E tu
Meu querido corpo
sonâmbulo
Abres a mão
Abres a mão e esperas que
cada pingo de chuva
Seja apenas uma palavra…
Nada mais do que uma
palavra
Uma palavra disfarçada de
pingo de chuva.
Alijó, 17/12/2022
Francisco Luís Fontinha