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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

labirinto corpo de canela

foto de: A&M ART and Photos

tenho uma mão que não me pertence
da vida sobejam-me os sonhos que nunca me pertenceram
e no entanto acreditava na escuridão nocturna
vivo e vivia entre ruas e ruelas como esqueletos de ossos sacrificados ao jantar
vivia pensando que era uma gaivota
e que nos meus braças habitavam cegonhas e pernaltas
barcos e caravelas
portas e janelas

acreditava que estava só
e eu queria
e eu
… eu quero estar só

tenho uma mão que não me pertence
e acariciou o teu labirinto corpo de canela
acredita que vivia
não vivo
caminho somo sonâmbulo nos carris do medo
na paixão do segredo
acreditava e não o estou...
só abandonado triste desalmado e desamado

(acreditava que estava só
e eu queria
e eu
… eu quero estar só)

porque tenho uma mão de perfume que não me pertence
e que nunca me pertenceu
porque tenho um jardim com árvores e arbustos
bancos em madeiras e rapazes traquinas
saltitando
e nos anzóis que a tarde alicerça nas cancelas da maré
acreditava
e não estou só... porque tenho uma mão que não me pertence


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
quarta-feira, 23 de Outubro de 2013