foto de: A&M ART and Photos
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tenho uma mão que não me pertence
da vida sobejam-me os sonhos que nunca
me pertenceram
e no entanto acreditava na escuridão
nocturna
vivo e vivia entre ruas e ruelas como
esqueletos de ossos sacrificados ao jantar
vivia pensando que era uma gaivota
e que nos meus braças habitavam
cegonhas e pernaltas
barcos e caravelas
portas e janelas
acreditava que estava só
e eu queria
e eu
… eu quero estar só
tenho uma mão que não me pertence
e acariciou o teu labirinto corpo de
canela
acredita que vivia
não vivo
caminho somo sonâmbulo nos carris do
medo
na paixão do segredo
acreditava e não o estou...
só abandonado triste desalmado e
desamado
(acreditava que estava só
e eu queria
e eu
… eu quero estar só)
porque tenho uma mão de perfume que
não me pertence
e que nunca me pertenceu
porque tenho um jardim com árvores e
arbustos
bancos em madeiras e rapazes traquinas
saltitando
e nos anzóis que a tarde alicerça nas
cancelas da maré
acreditava
e não estou só... porque tenho uma
mão que não me pertence
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
quarta-feira, 23 de Outubro de 2013