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domingo, 2 de junho de 2013

Não... possivelmente não és nada

foto: A&M ART and Photos

Sento-me nesta cadeira de gente, só, pego nas palavras e semeio-as sobre uma fina toalha de linho, sentado, percebo que sou um ignorante diplomado, sinto que lá fora, no meu jardim, há pássaros novos, vê-se pela penugem, parecem ainda bebés, depreendo que nasceram aqui, e aqui vão crescer, até se fazerem homens, mulheres, e zás... desamarrarem-se do cais seus pais e nunca mais regressarão, ou talvez um dia, quem sabe... regressem, visitem as minhas já então velhas árvores, possivelmente, a figueira, deixara de existir, possivelmente, o pessegueiro recheado de atrozes, possivelmente, a cerejeira, essa, de coluna vertebral inclinada a quarenta e cinco graus, e nada, ou quase nada, que, eu, possa fazer para mudar o curso normal das coisas, estas, banais, e tudo, porque estou sentado numa cadeira de gente, só, pego nas palavras e semeio-as sobre uma fina toalha de linho, sentado, oiço-te quando gritavas o meu nome do outro lado da rua, havia casas rasteiras entre nós, um dia quis fazer de uma velha televisão um aquário para peixes, abri-a, e queria abrir o velho embaciado ecrã do televisor munido de válvulas e outros apetrechos, ligava-se e a imagem aparecia segundos, minutos, depois, como das palavras do outro digno Senhor “Precisa de aquecer as bobines e parece um poço a deitar música”, neste caso, imagens, a preto-e-branco, além de parecer uma bomba, fiquei com o rosto golpeado, tudo, porque o dito explodiu, transformou-se em areia, finíssima, como a tua pele doirada depois de bronzeada pelos dóceis dedos pertencentes à minha mão,
Que parvalhão acreditaria na possibilidade de fazer um aquário do ecrã de um velho televisor?
Eu, sento-me nesta cadeira de gente, vejo-te entre a roldana do tempo e a corda das cinzentas nuvens de fim de tarde, oiço-te do outro lado da rua, das casas rasteiras, vozes, rádios vomitando músicas, e músicas inventando imagens na minha ainda cabeça de criança. Cerro os olhos, entro num longo túnel com muitas cadeiras iguais às que hoje me sento, cadeiras de gente, só, eu, pego nas palavras e levo-as comigo, sozinho, dentro do túnel com uma das mãos enfiada na algibeira, porque perder as sementes de palavras, certamente, o meu fim, assim, ainda me resta a esperança de sobreviver às magoadas paixões de silício, semicondutores, dentro de mim, aumentam-nos a velocidade, a aceleração multiplicada pela minha massa, sinto-me sentado, mas realmente há muito que não durmo, não como, apenas existo para guardar a algibeira das palavras, e consigo ver a força expressa no espelho
(Nunca duvidei que F=m * a)
E é tão feia, velha, serão assim no futuro as minhas árvores onde acabaram de nascer este belos pássaros?
Oiço-os, existe um melódico som como quando, às vezes, oiço pela trigésima sétima vez elevada ao cubo, o projecto Wordsong (AL Berto), e eu, sempre dentro do túnel, e eu, sempre de mão na algibeira, posso perder tudo do pouco que me resta, mas perder estas poucas sementes de palavras, minhas, inventadas para ti,
E pergunto-me?
Falo em ti e nem sei quem porra tu és...
És homem? És mulher? És pássaro, vento, madrugada, esplanada, beijo, púbis, coxas? Não... possivelmente não és nada,
E pergunto-me?
Falo em ti e nem sei quem porra tu és...
Sento-me nesta cadeira, de gente, só, embriagado pelo silêncio dos Deuses adormecidos, pego na mão, abro-a, começo, vagarosamente a semear as poucas palavras que me restaram sobre a fértil secretária de madeira, oiço o soluçar do teu corpo, e sinto-te, tu, do outro lado da rua, as casas rasteiras, tu, brincas com uma roldana, és a responsável pelo andamentos dos relógios de pulso, ou daqueles como o meu, suspenso na parede da sala, e de quinze em quinze minutos...
Horrível, o horror de saber que existes, do outro lado da rua, as casas rasteiras, e não sei quem és, como o serás nua, se és homem, se és mulher, se és pássaro, vómito, canção, poema, desenho ou apenas alguém a brincar numa roldana,
Sento-me nesta cadeira de gente, só, pego nas palavras e semeio-as sobre uma fina toalha de linho, sentado, percebo que sou um ignorante diplomado, sinto que lá fora, no meu jardim, há pássaros novos, vê-se pela penugem, parecem ainda bebés, depreendo que nasceram aqui, e aqui vão crescer, até se fazerem homens, mulheres, e zás... desamarrarem-se do cais seus pais e nunca mais regressarão, ou talvez um dia, quem sabe... regresses para olhares pela primeira vez a minha sementeira de palavras.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 10 de abril de 2012

Fingertips - 2 Tour


O concerto da semana é em Aveiro dia 13 de Abril no Teatro Aveirense pelas 21:30h.O BANCO ALIMENTAR vai estar connosco a recolher os alimentos do Bilhete Social (7.50€ + 2 pacotes de alimentos). Estes alimentos são distribuídos a uma rede de instituições e famílias carenciadas.
BILHETES À VENDA NO TEATRO AVEIRENSE
Cada portador de um bilhete recebe na porta do espectáculo um voucher de desconto nas lojas Tiffosi no valor de 10€.

Nota: Nesta digressão que se iniciou no dia 2 de Março já apoiámos várias instituições e conhecemos o valioso trabalho por elas desenvolvido ao longo do País.
Hoje o vosso contributo é sinónimo de ajudar quem mais precisa!
O Workshop "Bateria na Ponta dos Dedos com Marito Marques" decorre às 18:00h no Teatro Aveirense e as inscrições estão disponíveis em http://workshop.thefingertips.com
Fingertips - 2 Tour

Março
02- Lisboa | Cinema São Jorge – 21h30
03- Torres Novas | Teatro Vírginia – 21h30
09- Coimbra | Theatrix – 23h00
16- Maia | Forum da Maia – 21h30
17- Portalegre | Centro de Artes e Espectáculos – 21h30
23- Ponta Delgada | Coliseu Micaelense – 21h30
26- Viseu | Teatro Viriato – 21h30
27- Viseu | Teatro Viriato – 21h30
29- Covilhã | Auditório da Universidade da Beira Interior (UBI) – 21h30
30- Loulé | Cineteatro Louletano – 21h30
31- Leiria | Teatro José Lúcio da Silva – 21h30
Abril
06- Guimarães | C.A.E. São Mamede - 21h30
13- Aveiro | Teatro Aveirense - 21h30
26- Mirandela | Auditório Municipal - 21h30
27- Macedo de Cavaleiros | Centro Cultural - 21h30
28- Guarda | TMG - 21h30
30- Porto | Teatro Rivoli - 21h30
Maio
11- Figueira da Foz | Casino da Figueira - 23h00
12- Vila Real | Teatro de Vila Real - 21h30
19- Montijo | Cine-Teatro Joaquim de Almeida - 21h30
24- Évora | Teatro Garcia Resende - 21h30
25- Beja | Pax Julia - 21h30