Meu
amor,
Alimentas-me
com o teu olhar quando a noite desce o meu corpo,
Sinto
o Diabo nos lábios,
E
neles adormece o beijo,
Quando
me tocas, em silêncio, sinto o clitóris da madrugada em pequenos suspiros,
Como
os teus livros,
Vivos,
Velhos,
como tu,
Cansados
da distância Lunar…
Meu
amor,
A
ausência das tuas mãos nas minhas coxas de areia, junto ao mar,
Uma
barcaça tropeça na sonolência das tuas palavras escritas em mim,
Serei
o teu livro,
A
tua poesia,
A
tua liberdade de viver.
Meu
amor,
Preciso
de uma cocha para aprisionar o meu cabelo adocicado pelo profundo poço da
alegria,
Aventuras,
Farturas,
Delícias
do mar quando sinto a tua sombra nos meus seios calcinados pelo cacimbo…
Chove,
meu amor, aqui,
E
tu, e tu, ausente de mim,
Em
viagem,
Pelos
longos Oceanos da luminosidade,
Hoje,
Espero-te
nos meus sonhos,
Como
ontem te esperei, e antes de ontem, e amanhã te esperarei…
Transparente,
Como
sempre,
Ausente.
Meu
amor,
Tão
só, meu amor,
Quando
os marinheiros, como tu, zarpam em direcção ao abismo,
Os
cacos da manhã junto ao alpendre,
Sós,
como eu, meu amor,
Sós.
Isabel
Navalha
Lisboa,
27/02/2019