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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Cidade-mulher


Há uma cidade infinita onde habita o amor proibido,
há uma mulher vestida de cidade, com edifícios de cartão, com janelas e portas de entrada,
há uma rua que fica nos seios dessa mulher,
há uma varanda,
dela... o mar todos os dias avança,
corre como uma criança,
há uma cidade-mulher e proibida...
sem saber que é amada,

Há uma gaivota nos cabelos da mulher proibida,
e voa sobre a espuma fictícia das ondas em flor,
há uma cidade,
uma mulher...
e um amor,
todos... proibidos,

Há uma mão que pertence à cidade-mulher e não se cansa de acariciar o sorriso da Lua,
finge vertigens e enjoos,
transforma-se em miudinha chuva,
cai nos telhados de zinco,
ouvem-se sons melódicos e palavras poéticas,
há um homem sem cabeça que caiu em desgraça...
não come, não dorme e não sonha,
e acredita que a cidade-mulher um dia vai morrer nos lençóis do pergaminho linho,

Há uma madrugada,
tão triste... Meus Deus!
Sem estrelas, árvores ou... ou outras cidades-mulher,
há um rio encurvado no púbis da vergonha de amar... amar o que nunca poderá ser amado,
proibido,
como os cigarros que fumo às escondidas.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 9 de Maio de 2014