O
silêncio dos livros adormecidos
Que
se alicerçam ao meu cadáver
O
perfume das palavras que envolvem o meu cadáver…
A
viagem sem destino percorrida pelo meu cadáver
O
silêncio dos livros…
Sabendo-os
mortos
Esquecidos
nas prateleiras da luz
Regressa
a manhã
Traz
no olhar a simplicidade do abismo
Das
crateras da solidão
E
das loucas avenidas
Que
habitam a cidade dos livros
Não
me ouves, meu amor,
Adormeceste
no passado longínquo
Como
adormecem as montanhas de insónia
No
meu leito desfigurado
Complexo
Amargo
Como
o marfim do amanhecer
Perdes-te
no labirinto da morte
Querendo
levar-me contigo
Sou
um pedaço de sono
Mergulhado
nos teus braços
Sem
saber que lá fora
Não
há cidade dos livros
Sem
saber que lá fora
Todas
as nossas fotografias são tons de paixão
Pincelados
de marés de inferno
E
barcos de aço encalhados no cais da despedida
Abraço-te,
meu amor,
Pego
na tua mão
E
finjo ser um casebre em ruínas
Com
poucas janelas
E
porta alguma…
O
silêncio, meu amor,
Dos
livros
Todos
mortos
Como
eu, meu amor,
Habitante
da cidade dos livros
Transeunte
camuflado pelos alicerces do desejo
Habito-te
E
permaneço em silêncio…
Francisco
Luís Fontinha
sábado,
20 de Fevereiro de 2016