foto de: A&M ART and Photos
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Percebo as linhas transversais do teu
olhar
quando o Gin se entranha no vórtice
das tuas nádegas transparentes
oiço os gemidos da geada
oiço-te escrever palavras avulso nos
cortinados de papel
e percebo
percebo que onde estás sentada existe
uma sombra que me pertencia
e me amava
espero que te abras
e me enlouqueças com os sons das tuas
alegres alvenarias
sinto-te dentro de mim
como um sismo derramando crustáceos
envenenados
… sinto-te gritar o meu nome...
aquele que rasgaste numa noite de tempestade,
Percebo porque têm lágrimas os vidros
da tua janela
sei que lá fora morre um transeunte
maligno
um coitado e sem abrigo...
percebo as tuas lágrimas quando em mim
se entranha o Gin
crescem aleatoriamente nas minhas mãos
os jardins complexos do silêncio
e dizem que vais abrir-te brevemente
como uma gaivota em voos loucos
procurando veleiros com azia
e marés de areia com vómitos
silabados,
Este é o meu Natal...
ir ao Mercado
beber uns quantos gins... e
aleatoriamente como os jardins complexos do silêncio...
voar como as gaivotas
gritar o meu nome contra as paredes que
o granito construiu para as madrugadas do medo
percebo
as linhas transversais do teu olhar
percebo que o meu corpo levita
sentado sobre quatro tábuas de
mogno...
este é o meu Natal
triste
e embriagado triste... olhando as
límpidas alvenarias do mercado.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 24 de Dezembro de 2013