éramos dez, faltavam dois dos apóstolos.
não fomos juntos mas encontramo-nos todos na festa de lavandeira, capital da
marrã e do churrasco, em carrazeda de ansiães.
era setembro e a noite estava bastante
agradável.
o gijon acabava de nos convidar para
comermos marrã e um bom churrasco, umas cervejas e a noite ficava a pertencer
ao domínio da saudade.
alguns de nós questionamo-nos como era
possível o gijon ter dinheiro, quando nunca tinha dinheiro; esquecemos o
assunto e procuramos uma barraca onde se encontrasse uma mesa livre.
pedimos bebidas. pedimos marrã e
churrasco, construímos pequenas estátuas com o miolo do pão e quase nos
embebedemos.
tínhamos conseguido o milagre do pão e
do vinho.
algum tempo depois, em termo de segredo,
o gijon aconselha-nos a levantar da mesa e a sairmos um por um;
saí eu, saiu o mosca, saiu o espadinha,
saiu o leirão, saiu o gomes… e saímos todos,
ficou apenas ele.
pediu mais uma cerveja e puxou de um
cigarro.
quando percebeu que o dono da barraca e
os respectivos funcionários estavam distraídos, foi vagarosamente colocando as
travessas e as garrafas vazias na mesa atrás dele, que pertencia a outra
barraca, a outro dono e a outros funcionários.
chamou a menina, pediu a conta,
ela disse que faltava apenas pagar uma
cerveja, o gijon pagou a cerveja, levantou-se e ainda teve tempo de se
despedir…
quando nos encontramos, ele;
mais um camelito.
o gijon foi (o maior sacana) que eu conheci e de quem sou amigo.
gosto muito dele.