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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Esqueleto apátrida

foto de: A&M ART and Photos

Nas pálpebras do silêncio um fino fio de tristeza,
mergulha, insemina e cresce como pétalas cinzentas,
corre na límpida água fresca dos seios encastrados na montanha do desejo,
morrem todas as palavras terminadas em OR,
morrem as nuvens de chocolate e os sinos ásperos do sofrimento...

Ouvem-se-lhes nas migalhas do dúctil granito as mágoas de um final de tarde,
sem luzes amarelas, sem néons alicerçados à cidade do medo,
ouvem-se-lhes os ditongos gagos nas planícies desnorteadas do corpo adormecido,
sem luzes amarelas, sem... nas migalhas do dúctil granito as mágoas... de tarde,

A dor veste-se de negro, e o vértice do prazer desalinha-se em relação ao centro da Cárcoda espalhada pela serra da Arada,
lobos uivos distraem-nos como pedaços de vento saltitando de pedra em pedra...
tropeça-se no buraco da nocturna habitação esquecida junto à ribeira,
e... o Inverno, e o Inverno transforma-se em esqueleto apátrida.


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 13 de Janeiro de2014