quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Aqui me escrevo, na pele branquida do teu rosto



Aqui me escrevo, na pele branquida do teu rosto para o chão na casa que depois da chuva

Cai tão rápido como a luz que esconde os teus olhos da minha mão plantada no sorriso de uma janela,

Aqui está a tua lentidão em desenhares um abraço no meu sorriso,


Aqui está a pele do poema que seduz o teu cabelo indiferente ao meu silêncio, sonolento, e que voa sobre o sombreado mar da tua boca, daqui está a janela

Que os pássaros tanto procuram

Aqui está a maré pobre e nua, embrulhada num pedaço de prata que traz a chuva, que enxota o vento,


Aqui está o sofrimento. Dízima madrugada de pequenas coisas laminadas e voláteis nos sorrisos de uma boneca de trapos,

Coisas que aqui se fazem e que aqui não se pagam, e nos teus olhos

Se a árvore tem pássaros ou se a árvore tem apenas, rosas.


Aqui está o poema, aqui estão as palavras que me escreves todas as noites, e que eu escondo sobre a minha secretária, dentro de um livro, (A Última Porta Antes da Noite, A. Lobo Antunes)

Aqui está o destino onde me escrevo, na pele branquida do teu rosto para o chão na casa que depois da chuva… o beijo.


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