hoje, não tenho sono.
enquanto saboreias o sono nos lençóis da infinidade claridade
da primeira lágrima da
manhã, hoje,
não tenho sono. leio um
poema de louise gluck
e percebo que nunca serei
um poeta.
o muito que eu seja, não
passarei de um charlatão, um tipo desajeitado, que procura o não procurado,
a cada estrela que morre.
e mesmo assim,
querem que eu ainda seja
menos daquilo que eu sou, daquilo que eu fui.
carvalhais, já não está.
o avô domingos, esse, há muito que deixou de estar.
o meu pai, também partiu
numa noite de verão,
e a minha mãe,
voou em direcção ao nada,
levando-me no seu coração.
estou só. eu e tu,
já nada me dá prazer,
nada. quase que nem os livros. leio apenas para me manter vivo, leio apenas
para que eu possa respirar, e o meu corpo
sitiado numa pequena
sílaba,
sinta o mar.
das poucas coisas que me
dão prazer;
pegar na tua mão e
acariciar a tua coxa,
e fumar, não ter prazer
é o mais provável de
viver. e mesmo assim
ainda tenho prazer em
escrever.
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