terça-feira, 27 de agosto de 2024

hoje, não tenho sono. enquanto saboreias o sono nos lençóis da infinidade claridade

da primeira lágrima da manhã, hoje,

não tenho sono. leio um poema de louise gluck

e percebo que nunca serei um poeta.

 

o muito que eu seja, não passarei de um charlatão, um tipo desajeitado, que procura o não procurado,

a cada estrela que morre.

e mesmo assim,

querem que eu ainda seja menos daquilo que eu sou, daquilo que eu fui.

 

carvalhais, já não está. o avô domingos, esse, há muito que deixou de estar.

o meu pai, também partiu numa noite de verão,

e a minha mãe,

voou em direcção ao nada,

levando-me no seu coração.

 

estou só. eu e tu,

já nada me dá prazer, nada. quase que nem os livros. leio apenas para me manter vivo, leio apenas para que eu possa respirar, e o meu corpo

sitiado numa pequena sílaba,

sinta o mar.

 

das poucas coisas que me dão prazer;

pegar na tua mão e acariciar a tua coxa,

e fumar, não ter prazer

é o mais provável de viver. e mesmo assim

 

ainda tenho prazer em escrever.


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