sábado, 1 de julho de 2023

Na estrela do teu olhar

 

Conto as estrelas, são tantas, meu amor, são tantas as estrelas e cada uma com um desejo nos lábios, conto as estrelas e depois penso…, quantas estrelas tem o teu olhar,

Muitas, poucas, assim-assim, tanto me faz…

Conto as estrelas que brincam nesta misera folha em papel, conto o silêncio destas paredes, destes pequenos nadas que existem dentro de mim,

No fundo, sou um nada…

Um nada que escreve…

Versos ao nada.

Conto as estrelas da minha infância, conto as estrelas das primeiras paixões, conto as estrelas que existem nos teus lábios, tal como existem nos lábios das estrelas,

O desejo,

Conto as estrelas e perco-me no teu sorriso de perfume adormecido, embrulhado nas minhas palavras, quando das tuas lágrimas…

Acorda um pedacinho de sorriso.

Conto as estrelas da tua mão, conto as estrelas do teu cabelo, conto as estrelas…, as infinitas estrelas do perfume dos teus lábios.

Conto as estrelas que me afligem, mais as estrelas que não me desejam, e percebo que este pequeno nada, que sou, esconde-se dentro de uma pedra cinzenta, com olhos verdes, e cabelo pigmentado de beijos.

Conto as estrelas que há em mim, e sabes, meus amor…

Dou conta que em mim não existem estrelas.

Conto novamente as estrelas do silêncio e da solidão, abro a janele, fecho a janela…

E pergunto-me se estarei realmente…

Louco.

Conto as estrelas das amarras e do medo, conto as estrelas de todas as prisões invisíveis…, e de todas as flores comestíveis,

Conto as estrelas da paixão,

E dos pequenos e simples guardanapos de papel,

Conto as estrelas do meu fracasso…, e tantas, meu amor, tantas estrelas…

Onde posso escrever…

Quase anda.

Conto as estrelas destes livros espalhados pelo chão, que odeio, que me odeiam…, que se diga, meu amor, começo a ficar farto de livros e de livros dos livros…, com poemas, espalhados pelo chão…

Conto as estrelas de todas estas paixões e não paixões destes mesmos livros, e percebo,

Que tal como eu…

São apenas uns coitados,

Dos tristes coitadinhos.

Conto as estrelas… sei lá, meu amor…

Já nem sei o que são estrelas.

Conto as estrelas das minhas palavras, e deixei de ter palavras…, quanto mais estrelas…, conto as estrelas desta melodia que oiço, e perco-me nas estrelas do teu silêncio, antes que que acorde a manhã…, e me roube todas as estrelas da noite.

Se eu fosse um louco, um pequeno louco de nada, um triste louco, um louco…, de louco, queria ser uma estrela, na estrela do teu olhar.

 

 

01/07/2023

Sem comentários:

Enviar um comentário