Suicido-me nos braços
deste poema
Cravo-o no peito,
Suicido-me com este poema
inacabado,
Neste poema sem destino
Marcado,
Quando as primeiras
lágrimas de sono
Descem sobre o teu peito,
Suicido-me nos teus
lábios
Doce madrugada florida,
Pertinho do mar…
Suicido-me nos teus olhos
Depois de eu cerrar os
meus…
E escrever na tábua da
paixão,
Desejo-te,
Suicido-me nas tuas mãos,
Enquanto afagas o meu
cabelo,
Suicido-me na tua boca,
Doce canção de Primavera,
Que me traz o prometido
abraço,
Suicido-me no perfume da
tua pele
Quando te banhas nos sais
do silêncio
E a tua insónia…
É a minha insónia,
Suicido-me nos braços
deste poema,
Sem nome,
Deste poema com fome
Um tiro nos miolos…
Com esta caneta que nunca
pára de escrever…
O teu nome,
Suicido-me no pôr-do-sol
Junto ao mar,
Procurando abraços,
Vendendo almas ao Diabo…
Suicido-me na espuma dos
teus dias,
Suicido-me dentro deste
livro,
Que não me canso de
escrever…
E que nunca terminarei de
escrever,
Suicido-me na Lua,
Quando a Lua me quiser,
Se alguma vez a Lua me
querer,
Suicido-me neste relógio
parvo,
Ignorante,
Que pensa,
Que pensa,
Que pensa…
Suicido-me na chuva
Quando mergulha no teu
cabelo…
E um silêncio de espuma,
Poisa nos teus seios,
Suicido-me por volta da
meia-noite,
Dizem que fica a metade
do preço,
Suicido-me nas palavras
que escrevo
E nas palavras que não
devo…
Escrever,
Palavras,
Suicido no teu sorriso,
Cânfora manhã sem destino…
Suicido-me dentro deste
laminado de sonhos,
De sonhos…
Nenhum cumprido,
Suicido-me porquê,
Dentro deste poema,
Sem nome…
Sem sexo,
Sem idade…
Suicido-me nos teus
seios,
Antes que uma manhã
qualquer…
Tos roube,
Suicido-me nestas
palavras parvas,
Que às vezes,
Sinto VERGONHA DE AS
ESCREVER…
Suicido-me contra o
silêncio,
Suicido-me contra as
estrelas em papel,
E também…
Contra aqueles malditos papagaios
em papel…
Colorido,
Suicido-me nos braços
deste poema
Cravo-o no peito,
Suicido-me com este poema
inacabado,
Neste poema sem destino
Marcado,
Quando a luz me vier
buscar.
08/07/2023
Francisco
Sem comentários:
Enviar um comentário